quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Eternamente Ronaldinho


O futebol moderno que vivenciamos é caracterizado pela superficialidade. Superficialidade na relação entre jogador–clube e jogador-torcedor. Com contratos milionários e a fome insaciável por dinheiro que movem empresários e cartolas, os jogadores não tem tempo de se criar qualquer tipo de relação afetiva com sua torcida. Em pouquíssimo tempo esses jogadores chegam, atuam e partem de seus clubes para realizar o mesmo processo em outra equipe.

Sendo assim, qualquer manifestação de afetividade e gratidão por parte de uma torcida a um jogador merece ser destacada pela raridade com que ocorre no futebol mercadológico.

 
Na última quarta-feira, dia 25, Ronaldinho Gaúcho esteve de volta ao Camp Nou, palco onde realizou suas melhores exibições pela camisa do Barcelona. O jogo era apenas uma decisão do torneio Joan Camper, uma competição amistosa que teve, como jogo final, Barcelona e Milan, atual time de Ronaldinho. O jogo em si ficou para o segundo plano, pois o dia era de homenagens ao camisa 80 do Milan.


Por toda parte era possível ver faixas em agradecimento ao meia-atacante. Antes da partida foi exibido, nos telões do estádio, um vídeo com lances e gols de Ronaldinho em seus anos de Barça. Após o vídeo, ele entrou sozinho em campo (os outros 21 jogadores já estavam perfilados) para ter a oportunidade de ser ovacionado pela torcida catalã. Além disso, ele foi convidado a posar junto da equipe barcelonista, para a tradicional foto oficial da partida.

Durante o jogo, Ronaldinho Gaúcho teve uma atuação discreta e os gols ficaram por conta de David Villa e Inzaghi, para Barcelona e Milan respectivamente.

Após a partida, que terminou com a vitória, nos pênaltis, do time espanhol, o capitão Charles Puyol ergueu o troféu da competição antes de chamar Ronaldinho para receber a taça como presente de agradecimento. O sorriso do jogador, que foi uma de suas principais marcas em seus anos de glória, foi uma constante durante o dia.

Todas essas homenagens são justificáveis. Nos anos em que jogou no Barcelona, Ronaldinho foi a síntese do que é o futebol arte. Mais do que jogar bem, ele encantou a todos e tornou-se ídolo pela forma como influenciou sua geração. Em todas as peladas de final de semana, era possível ver jovens com sua camisa número dez, imitando suas jogadas e repetindo seus gestos, tentando ser, mesmo que por alguns instantes, aquilo que Ronny representava para o mundo: a pureza do futebol.

 
Além disso, Ronaldinho Gaúcho foi, em sua essência, tudo aquilo que o futebol brasileiro representa historicamente. A alegria, a ousadia, o drible e os títulos.




De 2003, ano de sua chegada na Espanha, até 2008, o craque conquistou tudo que poderia ser desejado no mundo da bola. Foi bicampeão do campeonato espanhol nas temporadas 2004-2005 e 2005-2006. Foi campeão da Liga dos Campeões da Europa em 2005-2006 e foi duas vezes eleito pela FIFA como melhor jogador do mundo, em 2004 e 2005.

Pela seleção brasileira, ele foi fundamental na conquista da Copa do Mundo de 2002. Mesmo não sendo o principal jogador da equipe, que tinha Ronaldo e Rivaldo em ótima fase, ele foi o autor de um dos gols na vitória por 2 a 1 sobre a Inglaterra, nas quartas de final do torneio. Sua cobrança de falta, resultando no gol canarinho, é até hoje lembrado como um dos momentos mais importantes na conquista do pentacampeonato mundial.

Mais do que isso, Ronaldinho Gaúcho conseguiu algo que pouquíssimos jogadores no mundo já tiveram a oportunidade de realizar: foi capaz de fazer com que a torcida do Real Madrid, maior rival do Barcelona, aplaudisse sua atuação após ser derrotado pelo craque. O fato aconteceu em novembro de 2005 em uma partida válida pelo campeonato espanhol.

Jogando no Santiago Bernabéu, casa do rival, Ronaldinho fez dois gols e foi crucial para a vitória por 3 a 0 em cima da equipe de Madrid. Após o segundo gol dele, terceiro da partida, os torcedores madrilenhos levantaram-se para aplaudir o jogador. Deixaram de lado toda a rivalidade e ódio que existe entre suas equipes para ovacionar, o que sabiam ser, um dos maiores jogadores da história.

Em 2008, depois de 215 jogos e 98 gols marcados pelo Barcelona, Ronaldinho perdia seu brilho. Seu rendimento em campo foi caindo e suas atuações passaram a ser discretas. Seu futebol foi perdido em algum campo do mundo e, desde então, nunca mais foi encontrado.
Na tentativa de recuperar aquilo que encantava a todos, ele transferiu-se para o Milan, onde ainda não foi capaz de repetir suas exibições de gala. Hoje, a estrela, que surgiu no Grêmio e rumou em direção a Europa para conquistar o mundo, não é nem ao menos sombra do que já foi.

Mas isso não diminui em nada a gratidão que os torcedores do Barcelona têm por seu ídolo. Eles provaram, que mesmo nos dias de hoje, é possível criar um laço entre o clube e o jogador e deram uma lição de como valorizar alguém que honrou o manto de sua equipe.
Mesmo que Ronaldinho Gaúcho nunca mais volte a ser o que era antes, ele ficará eternizado na memória de todos os admiradores do futebol. Afinal de contas, ele não presenteou apenas os torcedores do Barcelona com gols e títulos. Ele presenteou o mundo inteiro com sua alegria de jogar futebol e nos fez recordar do quão puro e simples pode ser a prática desse esporte.








Créditos dos vídeos
Homenagem do Barcelona a Ronaldinho Gaúcho: http://www.youtube.com/watch?v=ykj41EIFtYg

Por Guilherme Uchoa

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Pa Pa l'americana (Atrás da americana)


Há algum tempo, dizer que a tarefa do Santos na Copa Sul Americana é eliminar o Avaí seria considerado algo simples. Porém, uma série de fatores faz com que esta tarefa de quarta à noite seja uma das mais ingratas que a badalada equipe da vila teve neste ano.

As indefinições relacionadas ao destino de seus principais nomes deixam diversas dúvidas na cabeça do torcedor e incertezas constantes na mente de Dorival Jr.. Sem saber se poderá contar com Wesley, Neymar e Edu Dracena para o restante da temporada, além dos desfalques já consumados de Robinho e André, Dorival tenta usar as peças de seu elenco para repor, sem sucesso, a equipe titular que tanto agradou no primeiro semestre de 2010.

O resultado disso é uma equipe totalmente desfigurada e que nem de longe possui o futebol envolvente e ofensivo de meses atrás. O melhor exemplo dessa situação foi a última partida do Peixe, contra o Vitória no Barradão. Com seis desfalques, o time que entrou em campo vestindo o uniforme branco se mostrou esforçado e determinado. Entretanto, jogando com três volantes e com um futebol cadenciado, a equipe esbarrou nas próprias limitações técnicas, além da ótima marcação imposta pelo time baiano em PH Ganso.

O segundo fator que nos expõe a dificuldade da situação é a possível “falta de interesse” no torneio. Justamente na primeira edição da Sul Americana que confere ao campeão vaga para a Libertadores-2011, o Santos dispensa tal premiação por já ter essa vaga carimbada. Sendo assim, o único objetivo dentro deste torneio seria a conquista de mais um título na temporada (só isso deveria bastar), além de ser mais um torneio continental para a sala de troféus da equipe.

Por fim, deve-se ressaltar a excelente fase vivida pela equipe catarinense. Em seus 86 anos de história, a equipe de Florianópolis pode estar vivendo um de seus melhores momentos.

Em sua sexta participação na série A, o time de Antônio Lopes figura na terceira posição do campeonato, com 22 pontos, e segue embalado após derrotar o próprio Santos por 3 x 1, no primeiro jogo da Sul Americana, e o Corinthians, por 3 x 2, no brasileirão. Além disso, o goleiro da equipe, Renan, foi recentemente convocado por Mano Menezes para fazer parte da seleção no amistoso contra os Estados Unidos.

Pode parecer pouco, mas é um momento muito importante para uma equipe que tem como sua maior glória um título de campeão da série C do brasileirão, conquistado em 1998. Fora isso, possui outros 15 títulos de estaduais.

Com todas essas dificuldades, o Santos tentará reverter o placar adverso do primeiro jogo. A seu favor pode pesar o retorno de Neymar e a possível estréia de Keirrison, que serviriam como válvula de escape para Ganso.

Talvez assim o Santos possa provar que não sentiu a ausência de duas das grandes estrelas do primeiro semestre, dar o primeiro passo para formar o elenco que, em 2011, disputara a cobiçada Libertadores da América e fazer jus aos versos da torcida que clama o Santos como “o time da virada, o time do amor.”.

Obs.: A título de esclarecimento: o título do texto refere-se ao refrão da música "We no speak americano" de Yolanda Be Cool e significa "Atrás do americano", perfeito para esta resenha.


segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Podcast - Banda Carlos Bronson - produzido dia 09/08/10

Este é um podcast que fiz, para a faculdade, sobre a banda Carlos Bronson.


obs.: sou jornalista e não técnico de informática, muito menos, editor de áudio. Portanto, peço desculpas caso a qualidade do áudio não seja das melhores.




terça-feira, 3 de agosto de 2010

O X de ouro de 15 anos


Acabou no último domingo, dia 1 de agosto, a décima sexta edição dos x-games, realizados em Los Angeles, Estados Unidos.

O Brasil contou com 14 representantes para a maior competição do universo radical. Entre eles estava Bob Burnquist, principal nome do skatebord brasileiro e um dos mais respeitados em todo o mundo. Além disso, é um dos quatro competidores que esteve em todas as edições dos x-games.

Burnquist trouxe três medalhas, sendo uma de bronze (vertical Best trick), uma de prata (big air) e uma de ouro, no Rail Jam, o corrimão da mega rampa, onde Bob levou a torcida ao delírio ao percorrer os dez metros do trilho com os dois eixos de seu skate, antes de inverter a posição do corpo, aterrisando de costas.

Mas, que Bob Burnquist é um dos maiores da história, não é novidade. Quem realmente surpreendeu e chamou a atenção foi Pedro Barros, o Pedrinho. Jovem de 15 anos, nascido em Florianópolis, Pedrinho Barros é um dos principais representantes da nova geração do skate mundial.

O garoto, que já é conhecido como um fenômeno dentro do mundo dos esportes radicais, conquistou o x de ouro no último dia de competição, na disputa do skateboard park.

Desbancando veteranos do esporte, como Andy Mcdonald, de 37 anos, e superando outros representantes dessa nova geração, como Curren Caples, de apenas 14 anos, e Kevin Kowalski, de 18 anos, Pedrinho demonstrou tranqüilidade para chegar em sua primeira medalha de ouro em seu ano de estréia como profissional.

Bem articulado e de inglês fluente, ele terminou na liderança das eliminatórias da prova e como líder geral das duas baterias semifinais, com incríveis 88 pontos, para finalmente ter o direito de brigar na final.

Mas as coisas não foram tão tranqüilas durante a bateria final. Em suas primeiras voltas, Mcdonald fez 40 pontos enquanto que Barros fez 38. Na volta seguinte, o brasileiro deu o troco fazendo 43 pontos contra 40 do norte americano. Porém , na terceira volta, Pedrinho caiu durante sua manobra e ficou com apenas 28 pontos enquanto que Mcdonald melhorou suas parciais com 41 pontos.

Após esse susto, só deu Pedrinho na competição. Andy Mcdonald continuou com a mesma rotina que já havia realizado nas três primeiras voltas, porém seu desempenho caiu e seus 38 e 35 pontos seguintes não foram capazes de bater os 43 pontos que Pedrinho fez em sua volta final.

Como as colocações são definidas pela soma das duas notas mais altas que os skatistas obtiveram durante suas voltas, Pedro Barros ficou com 86 pontos e Andy Macdonald com 81.

O primeiro lugar de Pedrinho valeu lhe elogios de uma das maiores lendas do skate, Tony Hawk. Durante a transmissão norte americana da prova, Hawk disse que o brasileiro conseguia encontrar velocidade no traçado da pista em pontos onde não seria possível fazer-lo.

Com essa conquista inédita de Pedrinho, o Brasil encerrou os x-games com sete medalhas e a certeza de que, cada vez mais, o país do futebol cresce e ganha respeito no mundo do skate. O pioneirismo de atletas como Sandro Dias e do próprio Bob Burnquist agora conferem ao Brasil a possibilidade de revelar novos talentos. Talentos cada vez mais novos.