segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

A história por trás da Bola de Ouro

Por Guilherme Uchoa

Nesta segunda-feira (13) o craque português Cristiano Ronaldo garantiu sua segunda Bola de Ouro da carreira, em cerimônia realizada em Zurique, na Suiça. O tradicional prêmio que o gajo ganhou, desbancando o argentino Messi e o francês Ribery, existe ha quase 60 anos, sendo que diversos grandes jogadores tiveram seus nomes imortalizados na galeria de campeões da revista “France Football” – criadora da premiação.

Entretanto, muitas alterações foram feitas ao longo dessas seis décadas até que a eleição anual chegasse ao padrão que temos hoje em dia.
A Bola de Ouro, entregue ao craque de cada ano

O primeiro jogador a receber a Bola de Ouro foi o inglês Stanley Matthews, em 1956. Porém, de 1956 até 1994, a revista francesa só concedia o título para jogadores europeus que atuassem no Velho Continente, eliminando assim um grande número de craques de outros países. Em função disso, grandes estrelas brasileiras, como Pelé e Garrincha, por exemplo, nunca tiveram a oportunidade de disputar o almejado título.

Nesse período, a Alemanha foi a nação que mais teve vencedores, com seis prêmios. Foram dois títulos para Beckenbauer (1972 e 1976), dois para karl-Heinz Rummenigge (1980 e 1981) e uma conquista para Gerd Müller (1970) e Lothar Matthaüs (1990).

A partir da edição de 1995, foi derrubada a barreira das nacionalidades, mas ainda era necessário estar atuando em um clube europeu para concorrer ao prêmio. Graças a essa mudança, os brasileiros passaram a ter dominância na competição. Entre 1995 e 2006, Ronaldo (em 1997 e 2002), Rivaldo (1999) e Ronaldinho Gaúcho (2005) trouxeram a Bola de Ouro para o Brasil.

Foi somente em 2007 que esta última ressalva foi eliminada, fazendo com que qualquer jogador de qualquer clube estivesse apto a participar. Desde então, Lionel Messi garantiu quatro conquistas seguidas, entre 2009 e 2012 – marca nunca antes alcançada.

Paralelamente ao prêmio Bola de Ouro, a FIFA criou, em 1991, o título de “Jogador do Ano”, já com os critérios que a publicação francesa só passou a adotar em 2007. Sendo assim, durante 19 anos o mundo do futebol teve duas premiações distintas para o jogador mais talentoso da modalidade.

Pela FIFA, o Brasil levou a honraria em oito oportunidades. Romário (1994), Ronaldo (1996, 1997, 2002), Rivaldo (1999), Ronaldinho (2004, 2005) e Kaká (2007) foram os agraciados.

Em 2010, a “France Football” uniu-se à FIFA para criar a “Bola de Ouro FIFA”, unificando assim as duas premiações. Os critérios de eleição também foram somados: os votos de técnicos e capitães de seleções, como sempre foi feito pelo órgão máximo do futebol, com as escolhas de membros da imprensa, jurados de sempre da Bola de Ouro.

De lá pra cá, somente o baixinho argentino havia saído vencedor nas três premiações em conjunto. Só que desta vez, após uma temporada de muitas lesões de Messi e de um excepcional futebol do português, a Bola de Ouro mudou de mãos.

Foi somente mais um capítulo da longa história deste que é o prêmio individual mais importante do futebol. Ano que vem, a nata da modalidade estará reunida novamente para escrever o capítulo seguinte.

Todos os premiados pela FIFA, desde 1991

Todos os campeões:

1956: Stanley Matthews (Ing)
1957: Alfredo Di Stefano (Esp)
1958: Raymond Kopa (Fra)
1959: Alfredo Di Stefano (Esp)
1960: Luis Suarez (Esp)
1961: Omar Sivori (Ita)
1962: Josef Masopust (Che)
1963: Lev Yachine (URSS)
1964: Denis Law (Esc)
1965: Eusébio (Por)
1966: Bobby Charlton (Ing)
1967: Florian Albert (Hun)
1968: George Best (Irn)
1969: Gianni Rivera (Ita)
1970: Gerd Müller (Ale)
1971: Johan Cruyff (Hol)
1972: Franz Beckenbauer (Ale)
1973: Johan Cruyff (Hol)
1974: Johan Cruyff (Hol)
1975: Oleg Blokhine (URSS)
1976: Franz Beckenbauer (Ale)
1977: Alan Simonsen (Din)
1978: Kevin Keegan (Ing)
1979: Kevin Keegan (Ing)
1980: Karl-Heinz Rummenigge (Ale)
1981: Karl-Heinz Rummenigge (Ale)
1982: Paolo Rossi (Ita)
1983: Michel Platini (Fra)
1984: Michel Platini (Fra)
1985: Michel Platini (Fra)
1986: Igor Belanov (URSS)
1987: Ruud Gullit (Hol)
1988: Marco Van Basten (Hol)
1989: Marco Van Basten (Hol)
1990: Lothar Matthaüs (Ale)
1991: Jean-Pierre Papin (Fra) – France Football/ Lothar Matthaüs (Ale) - FIFA
1992: Marco Van Basten (Hol) – France Football/ Marco Van Basten (Hol) - FIFA
1993: Roberto Baggio (Ita) – France Football/ Roberto Baggio (Ita) - FIFA
1994: Hristo Stoïchkov (Bul) – France Football/ Romário (Bra) - FIFA
1995: George Weah (Lib) – France Football e FIFA
1996: Matthias Sammer (Ale) –France Football/ Ronaldo (Bra) -FIFA
1997: Ronaldo (Bra) – France Football e FIFA
1998: Zinédine Zidane (Fra) – France Football e FIFA
1999: Rivaldo (Bra) - France Football e FIFA
2000: Luis Figo (Por) – France Football/ Zidane (Fra) - FIFA
2001: Michael Owen (Ing) – France Football/ Figo (Por) - FIFA
2002: Ronaldo (Bra) - France Football e FIFA
2003: Pavel Nedved (Che) – France Football/ Zidane (Fra) - FIFA
2004: Andrei Shevchenko (Ucr) – France Football/ Ronaldinho (Bra) -FIFA
2005: Ronaldinho (Bra) - France Football e FIFA
2006: Cannavaro (Ita) - France Football e FIFA
2007: Kaká (Bra) - France Football e FIFA
2008: Cristiano Ronaldo (Por) - France Football e FIFA
2009: Lionel Messi (Arg) - France Football e FIFA
2010: Lionel Messi (Arg) – Bola de Ouro FIFA
2011: Lionel Messi (Arg) - Bola de Ouro FIFA
2012: Lionel Messi (Arg) - Bola de Ouro FIFA

2013: Cristiano Ronaldo (Por) - Bola de Ouro FIFA

Fotos: Divulgação FIFA

domingo, 12 de janeiro de 2014

R10 tomou a decisão certa

Por Guilherme Uchoa

Um dos principais reforços do Atlético-MG para a temporada 2014 do futebol brasileiro já estava no elenco. Depois de uma longa novela, Ronaldinho Gaúcho enfim decidiu permanecer em Minas, recusando proposta para jogar no Besiktas, da Turquia.

O anúncio foi feito pelo presidente do Galo, Alexandre Kalil, através de uma rede social. 

Com uma leve provocação, Kalil celebrou a renovação de R10 em sua rede social

Por mais que tivesse uma oportunidade de retornar para solos europeus, o dentuço fez o certo ao ficar no clube pelo qual conquistou a Libertadores da América do ano passado. Em primeiro lugar, foi pelo clube mineiro que Ronaldinho provou ainda ter potencial para jogar em alto nível, quando muitos críticos afirmavam que já não tinha mais lenha para queimar.

É verdade que o nível de seu futebol não está nem perto do praticado pelo Barcelona, quando encheu os olhos do mundo com atuações memoráveis e títulos históricos (pelo clube catalão, conquistou Supercopa da Espanha em 2005 e 2006, Campeonato Espanhol em 2004-05 e 2005-06 e a Champions League de 2005-06, além dos prêmios de melhor jogador do mundo de 2004 e 2005). É verdade também que ele, assim como todo o time do Atlético, deixou uma última impressão ruim de 2013 com a eliminação no Mundial Interclubes para o Raja Casablanca.

R10 marcou 26 gols em 70 jogos com a camisa do Galo
Apesar disso, foi a peça central do elenco montado pelo técnico Cuca e foi fundamental nas campanhas dos títulos do campeonato mineiro e da Libertadores. Vestindo a camisa do Atlético-MG, Ronaldinho Gaúcho disputou 70 partidas, anotou 26 gols, distribuiu diversas assistências e conquistou dois títulos. Em suma, voltou a ter alegria em jogar futebol e voltou a ganhar taças.

Outro fato que se deve levar em consideração é de que o futebol turco não passa por um bom momento. Apesar de seu clube mais tradicional, o Galatasaray, ter conseguido pelo segundo ano consecutivo classificação para a fase de mata-mata da Champions League, os demais clube de relevância do país passam por momento de pouco brilho em âmbito internacional – incluindo o Besiktas.

A própria seleção da Turquia, mesmo ficando em um grupo em que teoricamente era a segunda potência, com Holanda, Romênia, Hungria, Estônia e Andorra, também não conseguiu classificação para a Copa do Mundo do Brasil. Os turcos alcançaram o singelo quarto lugar e foram eliminados.

Por fim, aos 33 anos e já na fase final da carreira, R10 estará em um clube que já conhece, com um elenco que já apresenta entrosamento e que, se repetir as atuações do primeiro semestre de 2013, tem tudo para brigar pelo bicampeonato da Libertadores. E nada melhor para Ronaldinho do que continuar brigando por títulos importantes, mesmo após o auge. 


Fotos: Reprodução/ Twitter e Bruno Cantini/ Site oficial do Atlético-MG

O legado do Pelé europeu

Por Guilherme Uchoa

Como todos já sabem, o mundo da bola chorou a perda, na madrugada do último domingo (5), de um dos seus melhores representantes: Eusébio. O craque da seleção portuguesa e do Benfica foi vítima de uma parada cardiorrespiratória em sua casa, em Lisboa, e deixou não só os torcedores lusitanos, mas milhões de admiradores ao redor do mundo, órfãos de mais uma referência histórica do futebol.

Estátua de Eusébio no Estádio da Luz, casa do Benfica
Dentre toda a constelação do futebol, Eusébio figura naquele seleto grupo de estrelas que possuem um brilho mais intenso, mais genial. Divide espaço com Pelé, Maradona, Cruyff, Di Stéfano, Bobby Charlton, Zidane e alguns outros poucos astros de brilho eterno.

Ao lado de Luis Figo e Cristiano Ronaldo, Eusébio da Silva Ferreira está entre os principais nomes que a seleção portuguesa já teve. A diferença é que, ao contrário da dupla, ele era moçambicano. Nasceu em Lourenço Marques (atual Maputo, capital de Moçambique), e como o país foi - até 1975 - colônia de Portugal, Eusébio foi “adotado” pelos lusitanos.

Seu início no futebol se deu no Sporting de Lourenço Marques, uma filial do chará mais conhecido, de Lisboa. Suas habilidades, entretanto, despertaram a atenção do rival Benfica, e depois de uma disputa judicial de seis meses, o lado vermelho da cidade levou a melhor, contratando o jovem de 18 anos.

A partir de então, os números falam por si só. Foram 733 gols em 745 jogos ao longo da carreira, sendo que capitalizou 727 gols em 715 partidas vestindo a camisa do Benfica. Foi 11 vezes campeão português e cinco vezes vencedor da Taça de Portugal. Além disso, foi bicampeão europeu em 1961 e 1962, quebrando a hegemonia dos espanhóis do Real Madrid, e, em 1965, foi eleito melhor jogador da Europa pela revista “France Football”.

O craque deu uma última volta no estádio onde brilhou
Por duas vezes, enfrentou Pelé. Na primeira, na disputa do Mundial interclubes de 1962, seu Benfica levou a pior e foi goleado por 5x2 em Lisboa pelo esquadrão do Santos. Na segunda chance, desta vez na Copa do Mundo de 1966, o Pantera Negra teve mais sorte e ajudou sua seleção portuguesa com dois gols na partida que marcou a eliminação do Brasil – o placar final foi 3x1.

Mas foi na Copa de 66 que Eusébio atingiu o maior feito de sua carreira. Ao lado de outras craques como Simões e Coluna, deu ao seu país uma incrível terceira colocação, sendo eliminados apenas na semifinal pela Inglaterra, anfitriões do certame. De quebra, ele ainda foi o artilheiro da competição, com nove gols. Até hoje, nem mesmo Figo ou Cristiano Ronaldo conseguiram repetir o feito, e a principal conquista de Portugal após a geração Eusébio foi o vice-campeonato da Eurocopa de 2004, conquistada pela Grécia.

Não seria justo dizer que Eusébio é, unanimemente, o maior jogador português de todos os tempos, afinal de contas, os adeptos de Cristiano Ronaldo têm bons argumentos para garantir o craque do Real Madrid nesse posto. Apesar disso, não há como negar que Eusébio deu aos portugueses algo de valor inestimável: a sensação de que podem vencer, de que são capazes de enfrentar as maiores potencias do futebol mundial de igual para igual.


Esse foi, sem sombra de dúvidas, o maior legado que o Pelé europeu deixou. 

Fotos: Reuters

quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Ninguém confia em LeBron

Exatamente. Ninguém confia em LeBron James.

Pelo menos é essa a conclusão que pode ser feita a partir de uma pesquisa realizada pela revista ESPN, dos Estados Unidos, deste mês de outubro.

A publicação norte americana fez uma enquete com 26 jogadores da NBA para que – sob a condição de anonimato – eles pudessem falar suas verdadeiras impressões sobre o astro do Miami Heat.

Revista ESPN de outubro, com James na capa
Entre as oito perguntas feitas, a que teve o resultado mais espantoso foi a seguinte: “No estouro do cronometro, com a vitória em jogo, em quem você confiaria o arremesso final: Michael Jordan, Kobe Bryant ou LeBron James?” Tudo bem, a concorrência é dura, mas dos 26 questionados, nenhum escolheu o King James!  Foram 88% dos votos destinados à estrela do Chicago Bulls e 12% para o craque do Los Angeles Lakers.

O percentual apresentado nas outras questões também não foi nada animador para os fãs de James. Quando questionados se, ao final de sua carreira, LeBron seria considerado o melhor jogador da história da NBA, apenas 23% dos jogadores acreditaram que sim.

Os 26 atletas também foram perguntados se aceitariam receber apenas metade de seus salários para poderem jogar no mesmo time que a estrela do Heat. 85% deles responderam que não topariam a condição, enquanto que apenas 15% fariam o “sacrifício” para ter LeBron do mesmo lado da quadra.

Além disso, quase metade dos secretos entrevistados acredita que o ala ‘cava’ faltas. 46% deles responderam ser verdadeira a afirmação de que James é um ‘flopper’, ou seja, um jogador que se joga sob qualquer contato, buscando enganar a arbitragem e, assim, conquistar uma falta.

Enfim, a declaração que melhor resume a falta de confiança dos jogadores da liga em LeBron James veio de um atleta que, segundo a ESPN, é uma estrela da conferência Leste. “Eu amo LeBron. Ele é um cara legal e um grande jogador, mas eu também entendo porque as pessoas não gostam dele. Ele não mostrou lealdade ao Cleveland, e sua decisão [de trocar os Cavaliers pelo Heat] foi terrível. Então, eu não sei o que pensar”, disse.

Outras declarações

Porém, nem todas as declarações foram tão pesadas para o jogador de Miami. Um ex-companheiro de James afirmou não saber se ele será capaz de atingir Michael Jordan no número de títulos (Jordan tem seis anéis, contra dois de James), mas que “ele vai ser top 10 em pontos, rebotes, assistências, tocos e desarmes quando sua carreira acabar. Por isso, você tem que considerar LeBron o maior de todos”.

Infográfico da ESPN sobre LeBron 
Já um ala da conferência Oeste explicou as razões que fizeram o astro deixar o Cleveland Cavaliers para atuar em Miami. “Eu entendo que os fãs ficaram com seus corações partidos e que ele era um garoto da cidade. Mas quem mais nesse mundo não aceitaria um trabalho onde você tenha o melhor ambiente possível para ser bem sucedido?”, questionou.

Para terminar, outro jogador, este com 10 anos de carreira na liga, mostrou entender o porque LeBron tem fama de ‘cai-cai’. “Sim, ele cava faltas. Talvez seja o principal na liga nesse aspecto. Mas ele está fazendo exatamente o que qualquer um que recebe um contato faria. Porque você não tentaria obter faltar se você puder?”, disse.

Demais perguntas

Para completar a série de questões referentes à LeBron James, a revista americana perguntou qual jogador seria o ideal para marcar o astro. O mais bem cotado foi o ala-armador Paul George, do Indiana Pacers, com 25% das escolhas. Atrás dele vieram Metta World Peace (New York Knicks), com 18%, e Kobe Bryant (Los Angeles Lakers), com 14% dos votos.

71% dos atletas que participaram da enquete disseram que, ao final desta temporada, quando LeBron estará livre para assinar com qualquer equipe, ele permanecerá no Miami Heat. Outros 25% acreditam em um retorno à Cleveland, enquanto que apenas 4% elegeram os Lakers como sua futura franquia. 

Metade dos participantes também afirmaram que James conseguiria conquistar um título se permanecesse no Cleveland Cavaliers, e, por fim, disseram que 58% das habilidades do astro são provenientes de seu talento natural, contra 42% de trabalho duro.

Que LeBron James já tem seu espaço garantido na galeria das estrelas da NBA, é incontestável. Mas, além disso, também é impossível contestar que ele desperta polêmicas e opiniões diversas fora das quadras, na mesma proporção que impressiona por suas jogadas realizadas dentro delas. LeBron é uma estrela, mas ninguém confia nela. 

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Um ponto de esperança em meio à Cracolândia

Por Guilherme Uchoa

As histórias de três homens que, de origens distintas, e depois de quase perderam suas vidas para as drogas, tentam servir de exemplo para a superação de viciados na Cracolândia

É uma manhã de terça-feira fria no mês de julho, feriado em São Paulo, e a maior parte dos comércios do bairro Campos Elíseos está fechada. Mas na altura do número 509 da Alameda Barão de Piracicaba, o movimento é constante. O vai-e-vêm é formado por moradores de rua enrolados em peças de roupas gastas e cobertores igualmente velhos, em busca de um prato de comida e/ou oportunidade de tomar um banho.

O local em questão, quase um oásis em meio ao deserto de pobreza que assola a região, é conhecido como Cristolândia – referência ao apelido pelo qual aquela área paulista é denominada por conta do grande número de usuários de crack: a Cracolândia.

Para chegar à unidade da Cristolândia é preciso percorrer os 10, 15 minutos de distância, desde a estação da Luz de metrô, com os olhos atentos, já que o percurso não é nada convidativo. Em um curto espaço percorrido é possível ver três bases da Polícia Militar, um terreno baldio que é utilizado por crianças do bairro como área de lazer (a bola de futebol e as traves armadas dividem espaço com pipas), incontáveis moradores de rua, o cheiro forte de urina, lixo e entulhos espalhados pelas calçadas, além de, é claro, o enorme receio de uma abordagem agressiva por parte de algum usuário de entorpecentes.

Quando finalmente a residência é encontrada, por volta das 10h30, os preparativos para o culto pré-almoço estão sendo feitos. O projeto, mantido pela Igreja Batista, e que foi criado em 2009, conta atualmente com 400 dependentes químicos internados nos seis centros de recuperação no Estado de São Paulo – nas cidades de Itaquaquecetuba, Bauru, Cajobí, Pedra Bela, Mauá e a própria unidade da capital – e nas demais unidades da Cristolândia espalhadas pelo Brasil, como Rio de Janeiro, Espírito Santo, Recife, Rondônia, Brasília e Minas Gerais.

Além disso, são oferecidas 1.900 refeições por dia para os desabrigados e aproximadamente 4.000 pessoas já foram retiradas das ruas pela iniciativa.

As estatísticas são enumeradas pelo Pastor Humberto Machado, responsável pela criação dessas atividades em São Paulo. Ele conta que sua igreja teve como ideia inicial o desenvolvimento de um projeto chamado “Radical Brasil”, que teria como função converter os moradores de rua dos bairros pobres da cidade.

Entretanto, segundo Machado, ele percebeu que a principal necessidade dos dependentes químicos era de um lugar para que pudessem permanecer longe das drogas. “Entendi que nas ruas da Cracolândia eu não tinha que evangelizar porque a maioria deles já era evangelizada”, conta. “Daí, surgiu a ideia de tirar esse povo das ruas e então, criamos a Cristolândia”, explica.
Os “alunos” – como os voluntários do projeto preferem chamar os internados – moram nos fundos da residência e trabalham com quaisquer atividades relacionadas ao local.

Ainda segundo Humberto Machado, a falta de lugares apropriados para realizar internações faz com que os viciados retornem para as ruas. “Eles [dependentes] querem sair [do vício e das ruas]. Agora não tem lugar suficiente, pois tem muita gente. Existe o interesse, mas falta lugar”, lamenta. “Como não tem, eles acabam voltando para as ruas. É a única solução deles, né? As ruas”, conclui.

E é justamente das ruas que começam a vir os usuários de drogas que vão tomando conta do salão onde o almoço será servido. Um deles se aproxima do repórter, talvez imaginando que fosse um dos voluntários da casa, e pergunta se o almoço será servido. Imediatamente, o morador de rua é tranquilizado por um colega: “vai ter sim”.

Um pouco mais distante sentados em volta de uma mesa de plástico redonda, estão dois missionários ao lado de um homem de olhar perdido. Este foi levado para a Cristolândia pelos pais, que pretendem interná-lo. Após o preenchimento de algumas papeladas e alguns minutos de conversa, a mãe despede-se do filho com um beijo na cabeça, deixando-o aos cuidados de voluntários.

Próximo do meio dia tem inicio o curto culto que estava programado, com cerca de 70 pessoas sentadas diante de um púlpito. No publico, composto por desabrigados maltrapilhos, alguns até descalços, exalando forte cheiro, há quem não esteja interessado nas palavras proferidas e aproveite o tempo para cochilar. Também há os que respondem com risadas irônicas às perguntas e afirmações feitas pelo jovem missionário que segura o microfone.

Uma das missionárias do projeto confessa que alguns viciados chegam à residência de manhã para tomar banho e comer o café da manhã oferecido, voltam para as ruas onde fazem uso de mais drogas, e então retornam na parte da tarde para almoçar.

Mas também há aqueles que acompanham atentamente o sermão. Enquanto o missionário que prega o culto usa de metáforas e citações bíblicas para convencer sua plateia de que são capazes de superar o vício e recomeçar suas vidas, parte dos ouvintes demonstra concordar com as palavras e aderem à oração de encerramento que o jovem convoca.

Do fundo do salão um senhor de muletas não consegue se levantar para participar da reza, mas ergue os braços e fecha os olhos em sinal de respeito.

A partir de então, distribuindo os presentes em mesas com cinco pessoas cada, o aguardado almoço é servido.

Mas é em uma salinha minúscula, anexa ao pátio, abarrotada com mais mesas e cadeiras de plástico do que o recomendado para tão poucos metros quadrados, que serve de confessionário. É ali que Carlos Alberto do Santos Lima, ou apenas “Betão”, de 53 anos, emociona-se e deixa escapar algumas lágrimas ao rememorar as mudanças de curso que sua vida teve em função das drogas.

O baiano natural de Salvador afirma que largou o vício em 1984, apesar de assumir que teve “algumas escorregadinhas” depois desse período.

“Tudo”, entretanto, “muito rápido!”, apressa-se em garantir.

Betão é um homem alto, magro, de presença marcante e pele morena. O cabelo curto e um pouco grisalho disfarçam os mais de meio século de idade, mas as mãos e roupas sujas de tinta evidenciam sua atual função na casa: “Agora sou pintor, mas faço um pouco de tudo. Já fui cozinheiro, segurança da casa, de tudo um pouco”, conta.

Dono de uma fala mansa e pausada, Carlos Alberto conta que com oito anos de idade perdeu a mãe e ficou aos cuidados das tias. Os maus tratos delas fizeram com que ele optasse por viver nas ruas de Salvador, onde teve o primeiro contato com as drogas.

“Com 13 anos eu já tava cometendo determinados furtos. Furtos leves, como entrar em supermercado para pegar um pacote de biscoito ou pilhas, pra vender. No meio disso tudo, tive o primeiro contato com a maconha”, lembra. “Na primeira vez que fumei, achei uma coisa inusitada, muito legal”, conta.

Depois de alguns anos, o baiano acabou detido. “Com 17 anos eu ‘puxei’ a primeira cadeia. Era uma cadeia correcional. Tinha feito um arrombamento no carro de um coronel e peguei a pistola dele, uma colt 45, e acabaram me levando para um presídio chamado de “Pedra Preta”, relembra.

“Lá, eu passei de 10 meses para um ano e aprendi outras modalidades de furto, como ‘lance’, ‘arrombamento’, ‘entradinha’, que é quando a pessoa deixa a janela aberta, você entra e pega os objetos. Quando eu vim acordar, querido, eu já estava todo envolvido na droga e no roubo”, afirma.

“Então eu comecei a me enveredar mais ainda nas drogas. Comecei a tomar remédio que ‘batia onda’, como a gente fala, usei tudo que você possa imaginar. Optalidon, Fluorinal, Mandrix, ácido, maconha, cocaína, “cheirinho da loló”, tudo que dizia que ‘botava lombra’, até desodorante eu cheirava. Quando não tinha nada, eu pegava mata-barata, que tem clorofórmio e benzina, e cheirava. Eu era um viciado crônico. Até gasolina eu já cheirei”, enumera.

“Também fui me aprofundando mais nas modalidades [de crimes]. A modalidade roubar carteira eu treinava de manha em um paletó, no bolso de uma calça, pra de tarde ir pros pontos de ônibus pra botar em prática aquilo que eu treinava”, prossegue.

Carlos Alberto voltaria a ser preso e ao sair, depois de dois anos encarcerado, tentou tirar a própria vida. “Eu sai [da cadeia] todo debilitado, sem perspectiva nenhuma de vida, porque é uma experiência horrível. Apoio de parente eu não tinha e não aguentava mais o sofrimento, então só me restava a morte. A morte, para mim, seria o ponto final da minha história”, relata, antes de explicar porque não seguiu com a medida. “Eu preparei um copo com veneno de rato, mas na hora de tomar, uma senhora chamada Dona Lúcia, minha vizinha, me chamou, deu um copo de café com leite e um pão com manteiga e me aconselhou a não fazer aquilo, então eu desisti”, conclui.

E outra oportunidade, Betão esteve diante da morte. Após roubar o relógio da filha de um policial, foi encontrado por dois policiais enquanto estava deitado nas ruas de Salvador, sob efeito de drogas. “Um policial mais novo puxou a arma e disse ‘vamô matar esse desgraçado agora! ’, mas o outro disse ‘rapaz, larga essa miséria ai, que isso ai não vale nem uma bala, ele vai morrer ai mesmo. Pelo menos esse crime você não leva nas costas”, relata.

Depois de todos os problemas pelos quais passou, o baiano resolveu seguir os conselhos de um amigo e procurou abrigo em uma igreja. No lugar, garante ele, teve um encontro com Jesus que mudou sua vida, fazendo-o passar sete meses em uma casa de recuperação até conseguir largar as drogas. Após passar por diversas cidades auxiliando no restabelecimento de outros viciados, Carlos Alberto chegou em São Paulo, para colaborar com os missionários da Cristolândia.

Para o africano Hideraldo Laval, de 36 anos, a entrada no mundo das drogas não se deu por conta de falta de estrutura familiar, e sim pelo choque de chegar em uma cidade das proporções de São Paulo vindo de outra bem menor.

Laval é natural de Bissau, capital de Guiné-Bissau, cidade que conta com pouco menos de 400 mil habitantes. Em 2009, o homem negro, alto, forte e de óculos tomou avião, tendo o Brasil como destino, para estudar direito na UNIP. Entretanto, o relacionamento com pessoas erradas fez com que perdesse o rumo.

“Conheci uma vez uma menina usuária de crack daqui do centro de São Paulo, que levou pedra de crack para minha casa e deixou lá. Eu não conhecia e fumei. Quando comecei a fumar, foi complicado. Primeiro fumava só em dias de final de semana, mas não aguentei e fumei em dias de semana”, relata.

A intensificação no uso da droga fez com que Hideraldo perdesse tudo: “Morava em uma casa de estudantes, mas quando comecei a fumar, comecei a levar mulheres para lá. Fazia barulho, não estudava, então, um dia eu cheguei e tinha um comunicado na porta de que eu tinha 10 dias para ficar. Então peguei algumas coisas que tinham sobrado, porque já tinha vendido meus materiais, e fui embora”, diz.

De lá, o estudante foi morar embaixo de uma ponte, mas seus pertences não duraram muito tempo, já que na manhã seguinte deu conta de que haviam roubado tudo que levava em uma mochila. Sem faculdade, sem moradia e sem seus pertences, o africano relata que catava lixo para sustentar o vício durante os nove meses que permaneceu nas ruas da capital.

“Às vezes passava uns 15 dias sem fumar, mas sempre voltava. Morava em um albergue e lá acabava pegando um cara como amigo e ele me levava para boca de fumo. Sempre a mesma história. Eu podia ficar uma semana sem fumar, mas voltava. No último desses nove meses, eu passei fumando direto”, lamenta.

Nesse período, o contato com os parentes, que estavam morando em Portugal, era raro. “As vezes ficava dois meses sem falar com minha família, às vezes somente depois de 90 dias. Quando ligava, era em momentos em que estava muito drogado e precisava da voz da minha mãe”, diz.

Apesar disso, Hideraldo ainda acreditava que poderia sair do vício sem auxílio. “Eu sempre achei que por mim mesmo eu conseguia parar, mas eu precisava de uma estrutura, por que o que mais me dificultava para parar era conviver com as pessoas em albergue que vão roubar. Era um lugar que eu não podia ficar. Então quando eu consegui essa estrutura eu fiquei bem”, avalia.

A estrutura que o africano cita é justamente a Cristolândia, onde foi procurar abrigo. De lá, foi encaminhado para uma casa de recuperação, onde permaneceu por 112 dias, antes de ser chamado de volta para auxiliar o projeto. 

Segundo ele, um dos fatores primordiais para sua entrada no mundo das drogas foi o deslumbramento de viver em uma metrópole.

“Eu saí de uma cidade muito pequena e cheguei numa cidade muito grande onde tudo é livre. Tem uma sensação de liberdade muito grande. A gente passa na rua e vê cara usando droga, vê cara se prostituindo, vê um monte de coisa, então tem uma sensação de liberdade que não tinha na minha cidade. Quando eu peguei no crack, eu não tinha esse conhecimento do tamanho de destruição que ele tem. Peguei como qualquer outra coisa, como uma cerveja que eu bebia. Por curiosidade”, explica.

Já a história de Lodemiro José Silva, de 37 anos, tem um contexto semelhante ao vivido pela maioria das pessoas que aderem as drogas: falta de estrutura familiar.

Nascido em Alfenas, em Minas Gerais, Lodemiro teve o primeiro contato com o álcool com apenas oito anos. Segundo ele, foi com essa idade que, em uma tentativa desesperada de se livrar do álcool que viciara sua mãe, consumiu todas as bebidas alcoólicas que tinha em casa. O plano não funcionou e a partir de então ambos passaram a beber.

Três anos depois, o mineiro começou a usar drogas. “A primeira vez que usei drogas foi com 11 anos. Aprendi com o pessoal da cidade onde comprar o clorofórmio e o éter para fazer a lança-perfume e então passei a usar”, recorda.

Depois veio o vício em maconha, seguido de demais entorpecentes, antes de perder a mãe, ainda com 13 anos. “Da maconha foi para a cocaína e da cocaína foi para o cogumelo, até chegar ao fundo do poço, que é o crack. Crack é a destruição. Fiquei 16 anos viciado nessa droga”, confidencia.

Lodemiro só veio a conhecer seu pai com 16 anos, mas a relação com o genitor, que era capitão da Policia Militar, não deu certo e no ano seguinte o jovem resolveu ir para São Paulo. No Estado paulista percorreu cidades como Santos, São Vicente e Campinas.

Na capital, Lodemiro aprofundou-se mais ainda no vício, chegou a ser preso e passou por 22 casas de recuperação, mas ainda assim acredita que teve sorte por nada pior ter acontecido, lembrando-se de um episódio em que uma tentativa frustrada de assalto fez com que disparassem diversas balas contra sua direção, sem conseguir atingi-lo. Além disso, ele ainda recorda que mesmo mantendo relações com diversas mulheres nas ruas, nunca foi contaminado com o vírus do HIV.

Das mais de 20 casas por onde o mineiro passou, a última, que tinha vincula com a Cristolândia, foi a responsável por seu restabelecimento, depois de um processo de oito meses.

Atualmente, Carlos Alberto pretende voltar para Salvador, onde deixou a esposa e o filho de 14 anos, para abrir uma casa de recuperação. Hideraldo já está a três anos “limpo” e está cursando Teologia. Seus planos são de retornar para Guiné-Bissau, como missionário, ao concluir o curso. Por fim, Lodemiro espera tornar-se um pastor e seguir usando suas experiências para tentar tirar outras pessoas das drogas.


Mesmo tendo origens e histórias distintas, os três homens tentam servir de inspiração para tantas outras pessoas que, como eles, perderam o rumo de suas vidas nas drogas. Hoje, eles tentam ser o oásis que um dia encontraram no meio do deserto. 

sexta-feira, 26 de julho de 2013

Em duvida entre NBA e Espanha, Lucas Bebê realiza sonho de conhecer Zico

Por Guilherme Uchoa

A nova sensação brasileira que possivelmente estará na próxima temporada da NBA, Lucas Bebê, realizou um sonho de criança ao conhecer Zico, um dos maiores craques da história do futebol nacional, na ultima quinta-feira (25), durante entrevista que realizava ao Esporte Interativo.
Lucas Bebê não escondeu a alegria ao conhecer Zico
Enquanto respondia uma pergunta feita pela jornalista Aline Nastari sobre sua admiração ao ex-meia do Flamengo e seleção brasileira, o pivô foi surpreendido com a chegada do “Galinho de Quintino” e, atônico, ficou praticamente sem palavras.
O atleta – que ainda depende de rescisão contratual com o seu atual clube, o espanhol Estudiantes de Madrid, para confirmar transferência para o Atlanta Hawks, da NBA – ainda recebeu uma camisa autografada do ídolo como presente antecipado de aniversário (Lucas Bebê completou 21 anos nesta sexta-feira), e retribuiu, presenteando Zico com uma camisa sua da seleção brasileira.
Durante a conversa, o eterno ídolo flamenguista ainda brincou com a diferença de altura entre os dois ao pedir que o pivô permanecesse sentado e, mais tarde, ao subir em uma cadeira para posar para fotos ao lado do jogador.
Sem o banquinho, Zico ficou bem abaixo de Bebê
Depois da troca de lembranças, Bebê destacou a emoção de conhecer o ex-jogador.  “Eu nunca imaginei conhecê-lo e, para mim, estar ao lado dele, é uma sensação incrível. Estou emocionado de coração”, disse.
Bebê, que é natural de São Gonçalo, no Rio de Janeiro, e torcedor do rubro-negro carioca, ainda usou as redes sociais para celebrar o encontro. “Hoje tive o privilégio de conhecer meu maior ídolo e o maior exemplo no esporte que eu posso ter. Obrigado Zico por tudo. Com certeza esse dia ficará marcado na minha vida”, afirmou.
Resta saber agora se o encontro servirá para inspirar o pivô em seus novos desafios na carreira, seja com a camisa do Atlanta Hawks, do Estudiantes de Madrid ou do Brasil.

Fotos: Esporte Interativo

sexta-feira, 19 de julho de 2013

Com Kobe, nem o "Superman" tem espaço?

Por Guilherme Uchoa

Depois de concretizada sua transferência do Los Angeles Lakers para o Houston Rockets, o pivô Dwight Howard admitiu que sua relação com a principal estrela e um dos maiores nomes da história dos Lakers, Kobe Bryant, não era lá das melhores. 
A dupla com Kobe não decolou e Howard não agradou no Lakers
Mesmo não usando um tom agressivo e evitando polêmicas, o “ex-Superman” afirmou que não era fácil dividir o protagonismo em quadra com o astro.
“Era difícil jogar com o Kobe? Sim. Nos tínhamos nossas discordâncias. Todo mundo sabe que ele gosta de marcar pontos. Tinha vezes que discutíamos sobre ter a bola”, disse durante entrevista concedida à emissora norte-americana ESPN antes de contemporizar.
“Isso acontece como um time, mas meu foco não pode ser no Kobe. Eu não posso culpar ninguém pelo que fiz na quadra”, completou o jogador de 28 anos.
Quando perguntado se a presença de Phil Jackson poderia fazer com que rendesse mais em quadra, Howard não criticou o atual técnico Mike D’Antoni que, para parte da imprensa especializada norte americana, não soube armar o time de maneira que o pivô jogasse seu melhor, sendo um dos motivos para sua saída.
Apesar disso, o novo craque dos Rockets deixou clara sua preferência pelo antigo comandante da franquia. “Acho que ele – Phil Jackson – teria colocado o time na direção certa. Ele teria sido ótimo para mim e para minha carreira”, avaliou.
Já o ex-companheiro do camisa 12 em Los Angeles, Steve Nash, corroborou com a tese de que o pivô não estava a vontade no clube. “Acho que Dwight Howard estava desconfortável aqui. Não queria estar aqui, e se você não quer continuar em algum lugar, não tem motivo para continuar”, disse o canadense, que prosseguiu. “Acho que ele nunca encontrou apoio aqui em Los Angeles, nunca se sentiu em casa. Achava que ninguém o dava suporte”, finalizou.
De fato, dividir o protagonismo em uma equipe tão dependente de sua estrela solitária – como é o caso dos Lakers com Kobe – parece ser uma responsabilidade das maiores. Por vezes, Bryant aposta demais em seu alto nível técnico, tentando concluir sozinho jogadas em que poderia assistir algum companheiro.
Howard tenta evitar cesta de Harden, seu novo companheiro de time
Até mesmo por isso, a chegada de Nash havia sido muito comemorada pelos torcedores da franquia. Com um dos principais armadores da liga, era de se esperar que as jogadas fossem melhor distribuídas entre os atletas do elenco. Entre eles, Howard.
Agora vestindo a camisa vermelha e branca de Houston, o jogador vai ter que achar seu espaço em um elenco liderado por James Harden.
Dwight Howard chegou à Los Angeles vindo do Orlando Magic, ao lado do armador Steve Nash – este, vindo do Phoenix Suns. A contratação da dupla gerou muita expectativa em torno do que os Lakers poderiam render, já que em tese, Kobe teria companheiros de alto nível com quem pudesse dividir o peso de liderar o time.

Entretanto, as contratações não deram liga e os Lakers não decolaram na última temporada, sendo eliminados na 1ª rodada dos playoffs da conferência Oeste pelo San Antonio Spurs por 4×0. Com atuações abaixo da crítica, o “ex-Superman” decidiu não esperar nem ao menos mais um temporada, concretizando sua ida para Houston, em uma das principais negociações da atual pré-temporada do basquete norte-americano.
Agora, é esperar para ver se D12 vai dar as caras na nova casa, onde já teve o apelido adaptado para “Rocket Man”.

Fotos: Jared Wickerham/ Getty Images e Stephen Dunn/ Getty Images