terça-feira, 21 de setembro de 2010

A clara mensagem de Laor

A diretoria do Santos havia decidido pelo fim da punição a Neymar. O técnico Dorival Jr., por sua vez, optou por estender a punição por mais tempo, excluindo o craque santista do clássico desta quarta, contra o Corinthians. Como conseqüência, Dorival Jr. foi demitido do clube por insubordinação.


A atitude do clube caiçara é, no mínimo, irônica, pois, caso procuremos a definição de “insubordinação” em qualquer dicionário da língua portuguesa, iremos nos deparar com a seguinte definição: falta de subordinação; desobediência; indisciplina; rebelião.

Tal definição pode se encaixar perfeitamente com a atitude do técnico, que desobedeceu as ordens de sua diretoria. Entretanto, esta mesma definição não poderia se encaixar com as atitudes que Neymar teve nos últimos dias?

Nesse duelo de egos que foi formado entre Neymar, Dorival Jr. e a diretoria do Santos, não parece existir ninguém certo.

Dorival Jr., em função da enorme quantidade de problemas causados por sua equipe, estava perdendo seu poder sobre o elenco e, por isso, tentava impor sua autoridade punindo o jovem atacante. Ele mesmo já tinha avisado que, caso a punição ao atacante não fosse de pelo menos 15 dias, pediria demissão do clube. Também não se pode descartar a possibilidade de Dorival Jr. ter “forçado” sua demissão do clube ao ver que não contava mais com a confiança integral de seu elenco e dirigentes.

Já Neymar comete um ato de indisciplina diferente a cada semana, tornando-se impossível manter uma paz constante na Vila. Além disso, o jovem pode ver essa demissão de seu comandante como um reforço para seu ego, já bastante inflamado. As conseqüências podem aparecer mais adiante, com a repetição de mais atos de indisciplina por parte da jóia santista.

A diretoria, por sua vez, encontra-se no meio deste fogo cruzado sendo obrigado a decidir em que lado ficar. O lado escolhido foi o de Neymar, o que parece obvio, visto que foi neste jogador que o clube investiu durante anos. Além disso, demitindo Dorival, a diretoria tenta evitar um ambiente hostil que poderia ser criado entre o elenco e a comissão técnica.

Porém, ao inclinar-se para o lado do jogador, Luis Álvaro, presidente do clube, passa a clara mensagem de que “Neymar realmente é mais importante do que o Santos” e que “ele esta acima da hierarquia do clube”. Demitindo o técnico, “Laor” mostra mais uma vez que Neymar é o protegido no clube, mesmo quando seus atos de indisciplina mostram-se prejudiciais ao Santos.


Considerando tudo que foi posto, a única conclusão que se pode tomar é que o torcedor santista é o maior prejudicado nesta história. Ele tem que se resignar em ver o fantástico time do primeiro semestre desmanchar-se diante de seus olhos. Robinho, André e Wesley foram para Europa; Ganso só retorna a equipe em 2011; Dorival Jr. esta fora do comando técnico do time; Keirrison esta longe de ter boas atuações e Neymar permanece como Rei da Vila, mandando e desmandando em todos.

Para a disputa da almejada Libertadores em 2011, o Santos terá que se reinventar e começar um projeto totalmente novo, do zero. Para isso deve gastar o segundo turno do brasileirão em testes e planejamentos, buscando encontrar um elenco competitivo.

Fora isso, seria interessante buscar alternativas para amenizar os conflitos causados por Neymar. Mas deve fazer isso sem que a estrela saiba, pois já está provado que o destino para aqueles que se opõem à jóia santista é longe da Vila Belmiro.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Máquina de monstros


Recusar-se a entrar em uma casa para pessoas com paralisia cerebral apenas por se tratar de um lar seguidor de outra religião; chegar atrasado em treino por estar comemorando o aniversário de um companheiro de equipe; chapelar o adversário, com o jogo paralisado, em um clássico regional. Tudo isso parecia ser deslizes próprios de um jovem ainda em formação.

Em campo, seu futebol nunca foi questionado. Afirmavam que é a sua forma de jogar, afirmavam que ele deveria continuar assim, partindo para cima dos beques adversários sem temer as butinadas que receberia. Também culpavam a arbitragem por se mostrar displicente no momento de punir esses jogadores violentos e coibir a pratica do anti-jogo.

Entretanto nos últimos dias nos deparamos com mais demonstrações de imaturidade por parte de Neymar que deixam os torcedores preocupados com o futuro que esse jogador possa ter. Na mesma proporção em que cresce o seu futebol, cresce a sua conta bancária, a quantidade de pancadas sofridas pelos adversários e os casos de indisciplina.

No último domingo, contra o Ceará, Neymar por pouco não chegou às vias de fato com os jogadores oponentes. Ele causou grandes desavenças ao final da partida que culminaram com agressões por parte de um policial ao jogador Marquinhos.

Três dias depois, no jogo de ontem, contra o Atlético de Goiás, Neymar rebelou-se contra o comando do técnico Dorival Jr., gesticulou de forma acintosa, disparou ofensas em direção ao banco de reservas santista e aos companheiros que estavam em campo. Foi essa a forma que ele reagiu após ser proibido de cobrar um pênalti e por receber algumas cobranças normais de seus companheiros de equipe.

Esse descontrole emocional é o preço que o Santos paga por supervalorizar um jovem, que desde os 12 anos de idade já era tratado como celebridade e futura estrela do clube.


Com essa idade, uma pessoa ainda esta adquirindo uma formação de caráter. Ela esta aprendendo a ter noções de responsabilidade, reflete sobre seus atos e as implicações negativas que esses atos podem ter, e desenvolve sua consciência sobre os limites da sociedade.

Para essa formação, vários fatores são cruciais: os ensinamentos recebidos em casa pelos pais, a qualidade da educação recebida nas escolas e as experiências de acertos e erros que somente a vida pode passar.

Mas, quando um garoto passa a ganhar uma proteção excessiva e recebe um salário exorbitante, como é o caso de Neymar, ele simplesmente queima essas etapas de seu desenvolvimento e perde totalmente a noção de limite.

E essa não é uma exclusividade de Neymar. Por movimentar bilhões de dólares todos os anos, o futebol transformou-se em uma máquina de produzir jovens milionários. Jovens, que nem ao menos concluem o ensino médio, já estão aptos a receber rios de dinheiro e serem alavancados a status superiores.


Enquanto que nós, reles mortais sem o dom da bola, somos obrigados a passar por todos os processos de educação e trabalhar durante anos para ter uma condição de vida ao menos digna, os jovens milionários do futebol não possuem nenhuma preocupação em suas vidas e acabam por se sentir acima do bem e do mal.

Portanto, é obvio que Neymar tem muito que aprender a respeito de suas atitudes e a proporção que os seus atos tomam na sociedade. Mas também é necessário entender que ele é fruto do futebol moderno no qual jovens ficam ricos em um piscar de olhos sem estarem preparados psicologicamente para isso.

Enquanto for assim, teremos que nos acostumar com os “monstrinhos” que são formados, todos os dias, em nossas categorias de base.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O que é que você faz?


“O que é que faz um Deputado Federal? Na realidade eu não sei.” É com essa afirmação que um famoso artista tenta persuadir a população durante o horário eleitoral da televisão. A intenção é fazer piada com uma situação que fica evidente em toda época de eleição política: a população não sabe qual é a função de cada cargo no qual são destinados seus votos.
No dia 3 de outubro serão votados em seis nomes diferentes para ocupar cinco cargos. Serão dois Senadores, um Deputado Federal, um Deputado Estadual, um Governador além do Presidente da República. Para que se possa fazer uma boa escolha, é necessário conhecer cada cargo.

Deputado Estadual
Os Deputados Estaduais são responsáveis por elaborar leis de interesse público para seus estados, fiscalizam e cobram ações do Governador, votam em leis e emendas de leis estaduais e são responsáveis por aprovar ou não o orçamento do Estado.

Deputado Federal
O Deputado Federal tem, entre suas funções, a possibilidade de propor e votar em leis e emendas de leis nacionais, aprovar ou não o orçamento do país, além de fiscalizar a presidência, podendo ainda autorizar, com a aprovação de no mínimo 2/3 de seus membros, a abertura de processo contra o Presidente da República, seu vice ou contra os ministros.

Governador de Estado
Os Governadores são os chefes dos 27 estados da Federação. Estão sob suas responsabilidades as decisões a respeito de obras, programas e projetos em seu estado. Cabe ao Governador sancionar ou vetar projetos de leis e enviar, para ser votados entre os Deputados Estaduais, projetos de leis e planos adequados para orçamentos, empréstimos e soluções de problemas.

Senador
No total são 81 Senadores no país, três para cada Estado. O cargo tem a duração de oito anos, sendo que, a cada quatro anos, um terço é renovado.
O Senador deve defender as intenções de seu estado junto ao Senado Federal. Deve discutir e votar no orçamento da União, ou seja, quanto o governo irá gastar em saúde, educação, infra-estrutura, segurança e outras áreas; votar em projetos de lei propostos pela presidência, além de fiscalizar as ações do presidente, vice e ministros.

Presidente da República
Entre as diversas funções de um Presidente da República, ele deve nomear os ministros de estado e servidores que o auxiliam em seus deveres; elaborar planos nacionais para o desenvolvimento econômico, social e urbano; sancionar ou vetar novas leis e nomear os ministros do Supremo Tribunal de Justiça. Ele também deve representar o Brasil em viagens internacionais, atuando como chefe de estado e assinar tratados e convenções internacionais.

Texto produzido para a matéria "Jornalismo Digital II" da Unisanta

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Recuperando o prestígio perdido

O Brasil terminou na última quinta-feira (2) sua participação na primeira fase do Mundial de Basquete, realizado na Turquia.

O saldo desta primeira fase do torneio foi muito positivo. Em cinco jogos, a seleção brasileira ganhou três, e os dois jogos que perdeu foram em partidas muito equilibradas contra equipes superioras.

Ao conquistar a classificação, garantida na vitória sobre a Tunísia no segundo confronto do torneio, o Brasil garantiu uma posição melhor do que a alcançada no mundial anterior, no Japão, onde nem sequer chegou a segunda fase e terminou na 17 posição geral.
Ao endurecer o jogo contra os Estados Unidos, quando teve chances de vencer até o último segundo, e dificultar a vida da Eslovênia, partida na qual Nenê fez muita falta, o Brasil recuperou um pouco de seu prestígio, perdido após anos de péssima administração e um relacionamento conturbado entre jogadores e comissão técnica.

Ao derrotar a Croácia, na última partida desta fase, o Brasil derrubou uma escrita, que já durava oito anos, de não conseguir vencer jogos contra times europeus em competições oficiais.

Contra a Argentina, adversário da próxima fase, a seleção terá a árdua tarefa de derrubar mais uma escrita incomoda. São 15 anos sem conseguir vencer os hermanos em pré-olímpicos e mundiais. Neste período foram sete derrotas.

Mas a situação poderia ser mais difícil. Caso o Brasil tivesse perdido para a Croácia, teria que enfrentar a Sérvia, cujo basquetebol assemelha-se muito ao da Eslovênia. Contra os sérvios, a seleção brasileira sentiria o mesmo tipo de dificuldade que sentiu contra os eslovenos. Sofreria com a grande diferença de porte físico de seus jogadores, e a ausência de um pivô “brigador”, como Nenê, ficaria tão evidente quanto ficou na primeira fase.


Além disso, deve-se contar a favor do Brasil o fato de ter, no banco, um técnico que conhece muito bem os argentinos. Rubén Magnano comandou a Argentina de 2002 até 2004 e, nesse período, conquistou o vice-campeonato no mundial de 2002 e o ouro olímpico em Atenas-04.

Outro aspecto positivo que pode ser observado no Brasil, é o bom desempenho defensivo. Deixando de lado os anos em que ficamos marcados pelo estilo de jogo “run and gun” (pouca preocupação defensiva e ataques rápidos, buscando pontuações elevadas), a seleção atual demonstra muito empenho na marcação e a capacidade de anular alguns dos melhores jogadores adversários.

Essa nova característica foi evidenciada no confronto ante os norte-americanos. Sem contar o jogo contra o Brasil, os Estados Unidos obtiveram uma média de 96,2 pontos por partida. Entretanto, na vitória sobre os brasileiros, o poderoso ataque foi limitado a 70 pontos.

Por fim, também é necessário exaltar que a boa participação brasileira não está limitada apenas aos jogadores que atuam na NBA. Marcelinho Huertas mostra-se muito seguro na armação de jogadas. Marcelinho Machado, titular absoluto do Flamengo, comprova sua vocação de cestinha e de exímio arremessador na linha de três pontos. Até mesmo jogadores que, até agora, estiveram poucos minutos em quadra, como Nezinho e Murilo, puderam apresentar um desempenho consistente.

Essa equipe tem potencial para sair da Turquia com alguma medalha. Entretanto, para que isso seja possível, ainda há muitas correções para serem feitas. Muitos defeitos ficaram evidentes nos cinco jogos iniciais.

O desempenho individual de alguns jogadores ainda esta longe do que é esperado. Leandrinho Barbosa, por exemplo, mostra-se inconsistente, alternando bons momentos com momentos de total apatia dentro da mesma partida.

Já Marquinhos, um dos principais reservas da seleção, só teve atuação convincente contra os Estados Unidos, marcando 16 pontos. Além disso, não devemos esquecer o episódio ocorrido no torneio pré-olímpico de 2007, quando o ala-pivô desentendeu-se com a comissão técnica do, até então técnico brasileiro, Lula Ferreira, chegando a afirmar em entrevistas que Ferreira estava perdido e que seus treinos eram muito fracos.

Outro aspecto preocupante são os “apagões” que o Brasil sofre em determinados momentos da partida. Contra a Eslovênia, a seleção estava realizando uma boa apresentação e terminou o primeiro quarto de jogo perdendo por 20 a 18. Entretanto, no segundo quarto ela simplesmente desligou-se do jogo, a vantagem da Eslovênia aumento para 44 a 30 e o prejuízo não pode ser revertido na segunda metade da partida.


Caso Rubén Magnano consiga solucionar essas inconsistências, o Brasil tem uma grande oportunidade de recuperar o basquete nacional, que parecia perdido diante da incompetência administrativa, e recolocar o país entre a elite mundial.

Essa oportunidade não caiu do céu nas mãos de Magnano. É fruto de um trabalho que começou com a troca da presidência da CBB em 2009, quando Gerasime Bozikis, o Grego, saiu, após 13 longos anos, para a entrada de Carlos Nunes.

Com a nova presidência veio, o antecessor de Magnano, o espanhol Moncho Monsalve, que conquistou a Copa América de 2009 contando com quase todos os principais jogadores que o Brasil possui.

Com o título veio a classificação para o mundial que esta sendo disputado e a aposta em mais um técnico estrangeiro e vitorioso.

Na próxima terça feira, o basquete brasileiro tentara dar mais um salto em sua história. Um salto por cima da Argentina, por cima dos anos de letargia administrativa, por cima das desavenças técnico-jogador.
Quiçá esse salto seja alto o suficiente para recolocar o Brasil no seu lugar de direito no basquete.