sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Recuperando o prestígio perdido

O Brasil terminou na última quinta-feira (2) sua participação na primeira fase do Mundial de Basquete, realizado na Turquia.

O saldo desta primeira fase do torneio foi muito positivo. Em cinco jogos, a seleção brasileira ganhou três, e os dois jogos que perdeu foram em partidas muito equilibradas contra equipes superioras.

Ao conquistar a classificação, garantida na vitória sobre a Tunísia no segundo confronto do torneio, o Brasil garantiu uma posição melhor do que a alcançada no mundial anterior, no Japão, onde nem sequer chegou a segunda fase e terminou na 17 posição geral.
Ao endurecer o jogo contra os Estados Unidos, quando teve chances de vencer até o último segundo, e dificultar a vida da Eslovênia, partida na qual Nenê fez muita falta, o Brasil recuperou um pouco de seu prestígio, perdido após anos de péssima administração e um relacionamento conturbado entre jogadores e comissão técnica.

Ao derrotar a Croácia, na última partida desta fase, o Brasil derrubou uma escrita, que já durava oito anos, de não conseguir vencer jogos contra times europeus em competições oficiais.

Contra a Argentina, adversário da próxima fase, a seleção terá a árdua tarefa de derrubar mais uma escrita incomoda. São 15 anos sem conseguir vencer os hermanos em pré-olímpicos e mundiais. Neste período foram sete derrotas.

Mas a situação poderia ser mais difícil. Caso o Brasil tivesse perdido para a Croácia, teria que enfrentar a Sérvia, cujo basquetebol assemelha-se muito ao da Eslovênia. Contra os sérvios, a seleção brasileira sentiria o mesmo tipo de dificuldade que sentiu contra os eslovenos. Sofreria com a grande diferença de porte físico de seus jogadores, e a ausência de um pivô “brigador”, como Nenê, ficaria tão evidente quanto ficou na primeira fase.


Além disso, deve-se contar a favor do Brasil o fato de ter, no banco, um técnico que conhece muito bem os argentinos. Rubén Magnano comandou a Argentina de 2002 até 2004 e, nesse período, conquistou o vice-campeonato no mundial de 2002 e o ouro olímpico em Atenas-04.

Outro aspecto positivo que pode ser observado no Brasil, é o bom desempenho defensivo. Deixando de lado os anos em que ficamos marcados pelo estilo de jogo “run and gun” (pouca preocupação defensiva e ataques rápidos, buscando pontuações elevadas), a seleção atual demonstra muito empenho na marcação e a capacidade de anular alguns dos melhores jogadores adversários.

Essa nova característica foi evidenciada no confronto ante os norte-americanos. Sem contar o jogo contra o Brasil, os Estados Unidos obtiveram uma média de 96,2 pontos por partida. Entretanto, na vitória sobre os brasileiros, o poderoso ataque foi limitado a 70 pontos.

Por fim, também é necessário exaltar que a boa participação brasileira não está limitada apenas aos jogadores que atuam na NBA. Marcelinho Huertas mostra-se muito seguro na armação de jogadas. Marcelinho Machado, titular absoluto do Flamengo, comprova sua vocação de cestinha e de exímio arremessador na linha de três pontos. Até mesmo jogadores que, até agora, estiveram poucos minutos em quadra, como Nezinho e Murilo, puderam apresentar um desempenho consistente.

Essa equipe tem potencial para sair da Turquia com alguma medalha. Entretanto, para que isso seja possível, ainda há muitas correções para serem feitas. Muitos defeitos ficaram evidentes nos cinco jogos iniciais.

O desempenho individual de alguns jogadores ainda esta longe do que é esperado. Leandrinho Barbosa, por exemplo, mostra-se inconsistente, alternando bons momentos com momentos de total apatia dentro da mesma partida.

Já Marquinhos, um dos principais reservas da seleção, só teve atuação convincente contra os Estados Unidos, marcando 16 pontos. Além disso, não devemos esquecer o episódio ocorrido no torneio pré-olímpico de 2007, quando o ala-pivô desentendeu-se com a comissão técnica do, até então técnico brasileiro, Lula Ferreira, chegando a afirmar em entrevistas que Ferreira estava perdido e que seus treinos eram muito fracos.

Outro aspecto preocupante são os “apagões” que o Brasil sofre em determinados momentos da partida. Contra a Eslovênia, a seleção estava realizando uma boa apresentação e terminou o primeiro quarto de jogo perdendo por 20 a 18. Entretanto, no segundo quarto ela simplesmente desligou-se do jogo, a vantagem da Eslovênia aumento para 44 a 30 e o prejuízo não pode ser revertido na segunda metade da partida.


Caso Rubén Magnano consiga solucionar essas inconsistências, o Brasil tem uma grande oportunidade de recuperar o basquete nacional, que parecia perdido diante da incompetência administrativa, e recolocar o país entre a elite mundial.

Essa oportunidade não caiu do céu nas mãos de Magnano. É fruto de um trabalho que começou com a troca da presidência da CBB em 2009, quando Gerasime Bozikis, o Grego, saiu, após 13 longos anos, para a entrada de Carlos Nunes.

Com a nova presidência veio, o antecessor de Magnano, o espanhol Moncho Monsalve, que conquistou a Copa América de 2009 contando com quase todos os principais jogadores que o Brasil possui.

Com o título veio a classificação para o mundial que esta sendo disputado e a aposta em mais um técnico estrangeiro e vitorioso.

Na próxima terça feira, o basquete brasileiro tentara dar mais um salto em sua história. Um salto por cima da Argentina, por cima dos anos de letargia administrativa, por cima das desavenças técnico-jogador.
Quiçá esse salto seja alto o suficiente para recolocar o Brasil no seu lugar de direito no basquete.

3 comentários:

  1. adorei, parabéns! haha, depois de um longo e tenebroso inverno eu consegui entrar

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  2. muito bom o texto
    é sempre bom ver o Brasil bem em outros esportes, alem do futebol...
    ta muito bom mesmo uchoa
    abraço!

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  3. gui, essa ideia do blog tá fazendo seu texto melhorar muito, sério mesmo!
    parabéns :D

    desculpa não ter passado por aqui antes =)

    beijobeijo!

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