segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Arbitragem bandida

Chegando na reta final do campeonato brasileiro, vários assuntos voltam a ser discutidos pelo torcedor.

O clube X vai entregar o jogo para o clube Y visando prejudicar o rival Z? A arbitragem esta beneficiando determinado time para que seja o campeão? Mala Branca ou Mala Preta? Não importa. Desde que o mundo é mundo e o Pelé ainda era conhecido por Gasolina, a reta final de um torneio de pontos corridos é marcado por tais questionamentos.

Entretanto, é necessário ter discernimento para analisar a arbitragem nacional.

Primeiramente, no jogo Corinthians x Cruzeiro, o pênalti sofrido por Ronaldo é realmente questionável. Porém, para os torcedores mais exaltados que viram no lance um benefício descarado ao Corinthians, deve-se recordar que, há algumas rodadas, no clássico Cruzeiro x Atlético–Mg, o árbitro Sandro Meira Ricci, mesmo nome do polêmico jogo deste sábado, marcou um pênalti a favor do Cruzeiro (desperdiçado por Montillo em tentativa de ‘cavadinha’) muito semelhante ao marcado em Ronaldo.

Portanto, ouvir reclamações cruzeirenses, e de torcedores de outros clubes, de que existe um complô a favor do Corinthians em função desta penalidade é hipocrisia, pois fica claro que Ricci não agiu de má fé, “apenas” errou por se tratar de mais um fraco árbitro de nosso país.

O cruzeiro foi superior em campo e realmente merecia sair vitorioso do confronto, mas em função da péssima atuação de Sandro Meira Ricci e de seus auxiliares, saiu de campo derrotado.

Em segundo lugar, a diretoria do Cruzeiro pretende editar um DVD com lances do campeonato em que o time mineiro teria sido prejudicado pela arbitragem.

Convenhamos, se ao final do torneio todos os clubes resolvessem editar DVDs com lances em que foram prejudicados, o torneio todo teria que ser revisto. O time de minas foi prejudicado e favorecido durante todo o ano assim como todos os outros clubes.

Nesse sentido o modelo de pontos corridos, adotado desde 2003, é bom por poder ‘diluir’ as falhas de arbitragem durante toda a competição. Em outras palavras, em pontos corridos, os erros cometidos são menos prejudiciais do que em outros modelos de disputa por existir mais tempo para recuperá-los.

É claro que o ideal seria uma arbitragem que não falhasse, mas, já que falha (e muito) é importante ressaltar que falha para todos os lados.


Por fim, chegamos a última consideração deste texto: a proporção que as falhas tomam em momentos decisivos. Como dito anteriormente, as falhas acontecem durante todo o Brasileirão, entretanto, na reta final, momento de decisão, esses erros ganham tamanho inimagináveis.

Caso a partida entre Corinthians e Cruzeiro tivesse ocorrido a 15 rodadas atrás, os erros seriam comentados por torcedores, jogadores e pela imprensa, mas jamais tomariam a proporção que tomam quando ocorrem nas últimas rodadas.

Por se tratar de decisões a cada partida, as rodadas finais do Brasileirão ganham a mesma importância conferida a semifinais e finais de torneios por mata-mata. Os nomes de árbitros que erram, atacantes que marcam ou perdem gols feitos e goleiros que se tornam muralhas ou engolem frangos nas partidas finais ficam marcados na memória do torcedor.

Sendo assim, deve-se cobrar da CBF de Ricardo Teixeira e da Comissão Nacional de Arbitragem, pois esses órgãos são responsáveis pela pífia performance da arbitragem brasileira.

Fora isso, se foi pênalti ou não? Essa discussão fica para as mesas de bares espalhadas pelo Brasil.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

A clara mensagem de Laor

A diretoria do Santos havia decidido pelo fim da punição a Neymar. O técnico Dorival Jr., por sua vez, optou por estender a punição por mais tempo, excluindo o craque santista do clássico desta quarta, contra o Corinthians. Como conseqüência, Dorival Jr. foi demitido do clube por insubordinação.


A atitude do clube caiçara é, no mínimo, irônica, pois, caso procuremos a definição de “insubordinação” em qualquer dicionário da língua portuguesa, iremos nos deparar com a seguinte definição: falta de subordinação; desobediência; indisciplina; rebelião.

Tal definição pode se encaixar perfeitamente com a atitude do técnico, que desobedeceu as ordens de sua diretoria. Entretanto, esta mesma definição não poderia se encaixar com as atitudes que Neymar teve nos últimos dias?

Nesse duelo de egos que foi formado entre Neymar, Dorival Jr. e a diretoria do Santos, não parece existir ninguém certo.

Dorival Jr., em função da enorme quantidade de problemas causados por sua equipe, estava perdendo seu poder sobre o elenco e, por isso, tentava impor sua autoridade punindo o jovem atacante. Ele mesmo já tinha avisado que, caso a punição ao atacante não fosse de pelo menos 15 dias, pediria demissão do clube. Também não se pode descartar a possibilidade de Dorival Jr. ter “forçado” sua demissão do clube ao ver que não contava mais com a confiança integral de seu elenco e dirigentes.

Já Neymar comete um ato de indisciplina diferente a cada semana, tornando-se impossível manter uma paz constante na Vila. Além disso, o jovem pode ver essa demissão de seu comandante como um reforço para seu ego, já bastante inflamado. As conseqüências podem aparecer mais adiante, com a repetição de mais atos de indisciplina por parte da jóia santista.

A diretoria, por sua vez, encontra-se no meio deste fogo cruzado sendo obrigado a decidir em que lado ficar. O lado escolhido foi o de Neymar, o que parece obvio, visto que foi neste jogador que o clube investiu durante anos. Além disso, demitindo Dorival, a diretoria tenta evitar um ambiente hostil que poderia ser criado entre o elenco e a comissão técnica.

Porém, ao inclinar-se para o lado do jogador, Luis Álvaro, presidente do clube, passa a clara mensagem de que “Neymar realmente é mais importante do que o Santos” e que “ele esta acima da hierarquia do clube”. Demitindo o técnico, “Laor” mostra mais uma vez que Neymar é o protegido no clube, mesmo quando seus atos de indisciplina mostram-se prejudiciais ao Santos.


Considerando tudo que foi posto, a única conclusão que se pode tomar é que o torcedor santista é o maior prejudicado nesta história. Ele tem que se resignar em ver o fantástico time do primeiro semestre desmanchar-se diante de seus olhos. Robinho, André e Wesley foram para Europa; Ganso só retorna a equipe em 2011; Dorival Jr. esta fora do comando técnico do time; Keirrison esta longe de ter boas atuações e Neymar permanece como Rei da Vila, mandando e desmandando em todos.

Para a disputa da almejada Libertadores em 2011, o Santos terá que se reinventar e começar um projeto totalmente novo, do zero. Para isso deve gastar o segundo turno do brasileirão em testes e planejamentos, buscando encontrar um elenco competitivo.

Fora isso, seria interessante buscar alternativas para amenizar os conflitos causados por Neymar. Mas deve fazer isso sem que a estrela saiba, pois já está provado que o destino para aqueles que se opõem à jóia santista é longe da Vila Belmiro.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Máquina de monstros


Recusar-se a entrar em uma casa para pessoas com paralisia cerebral apenas por se tratar de um lar seguidor de outra religião; chegar atrasado em treino por estar comemorando o aniversário de um companheiro de equipe; chapelar o adversário, com o jogo paralisado, em um clássico regional. Tudo isso parecia ser deslizes próprios de um jovem ainda em formação.

Em campo, seu futebol nunca foi questionado. Afirmavam que é a sua forma de jogar, afirmavam que ele deveria continuar assim, partindo para cima dos beques adversários sem temer as butinadas que receberia. Também culpavam a arbitragem por se mostrar displicente no momento de punir esses jogadores violentos e coibir a pratica do anti-jogo.

Entretanto nos últimos dias nos deparamos com mais demonstrações de imaturidade por parte de Neymar que deixam os torcedores preocupados com o futuro que esse jogador possa ter. Na mesma proporção em que cresce o seu futebol, cresce a sua conta bancária, a quantidade de pancadas sofridas pelos adversários e os casos de indisciplina.

No último domingo, contra o Ceará, Neymar por pouco não chegou às vias de fato com os jogadores oponentes. Ele causou grandes desavenças ao final da partida que culminaram com agressões por parte de um policial ao jogador Marquinhos.

Três dias depois, no jogo de ontem, contra o Atlético de Goiás, Neymar rebelou-se contra o comando do técnico Dorival Jr., gesticulou de forma acintosa, disparou ofensas em direção ao banco de reservas santista e aos companheiros que estavam em campo. Foi essa a forma que ele reagiu após ser proibido de cobrar um pênalti e por receber algumas cobranças normais de seus companheiros de equipe.

Esse descontrole emocional é o preço que o Santos paga por supervalorizar um jovem, que desde os 12 anos de idade já era tratado como celebridade e futura estrela do clube.


Com essa idade, uma pessoa ainda esta adquirindo uma formação de caráter. Ela esta aprendendo a ter noções de responsabilidade, reflete sobre seus atos e as implicações negativas que esses atos podem ter, e desenvolve sua consciência sobre os limites da sociedade.

Para essa formação, vários fatores são cruciais: os ensinamentos recebidos em casa pelos pais, a qualidade da educação recebida nas escolas e as experiências de acertos e erros que somente a vida pode passar.

Mas, quando um garoto passa a ganhar uma proteção excessiva e recebe um salário exorbitante, como é o caso de Neymar, ele simplesmente queima essas etapas de seu desenvolvimento e perde totalmente a noção de limite.

E essa não é uma exclusividade de Neymar. Por movimentar bilhões de dólares todos os anos, o futebol transformou-se em uma máquina de produzir jovens milionários. Jovens, que nem ao menos concluem o ensino médio, já estão aptos a receber rios de dinheiro e serem alavancados a status superiores.


Enquanto que nós, reles mortais sem o dom da bola, somos obrigados a passar por todos os processos de educação e trabalhar durante anos para ter uma condição de vida ao menos digna, os jovens milionários do futebol não possuem nenhuma preocupação em suas vidas e acabam por se sentir acima do bem e do mal.

Portanto, é obvio que Neymar tem muito que aprender a respeito de suas atitudes e a proporção que os seus atos tomam na sociedade. Mas também é necessário entender que ele é fruto do futebol moderno no qual jovens ficam ricos em um piscar de olhos sem estarem preparados psicologicamente para isso.

Enquanto for assim, teremos que nos acostumar com os “monstrinhos” que são formados, todos os dias, em nossas categorias de base.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

O que é que você faz?


“O que é que faz um Deputado Federal? Na realidade eu não sei.” É com essa afirmação que um famoso artista tenta persuadir a população durante o horário eleitoral da televisão. A intenção é fazer piada com uma situação que fica evidente em toda época de eleição política: a população não sabe qual é a função de cada cargo no qual são destinados seus votos.
No dia 3 de outubro serão votados em seis nomes diferentes para ocupar cinco cargos. Serão dois Senadores, um Deputado Federal, um Deputado Estadual, um Governador além do Presidente da República. Para que se possa fazer uma boa escolha, é necessário conhecer cada cargo.

Deputado Estadual
Os Deputados Estaduais são responsáveis por elaborar leis de interesse público para seus estados, fiscalizam e cobram ações do Governador, votam em leis e emendas de leis estaduais e são responsáveis por aprovar ou não o orçamento do Estado.

Deputado Federal
O Deputado Federal tem, entre suas funções, a possibilidade de propor e votar em leis e emendas de leis nacionais, aprovar ou não o orçamento do país, além de fiscalizar a presidência, podendo ainda autorizar, com a aprovação de no mínimo 2/3 de seus membros, a abertura de processo contra o Presidente da República, seu vice ou contra os ministros.

Governador de Estado
Os Governadores são os chefes dos 27 estados da Federação. Estão sob suas responsabilidades as decisões a respeito de obras, programas e projetos em seu estado. Cabe ao Governador sancionar ou vetar projetos de leis e enviar, para ser votados entre os Deputados Estaduais, projetos de leis e planos adequados para orçamentos, empréstimos e soluções de problemas.

Senador
No total são 81 Senadores no país, três para cada Estado. O cargo tem a duração de oito anos, sendo que, a cada quatro anos, um terço é renovado.
O Senador deve defender as intenções de seu estado junto ao Senado Federal. Deve discutir e votar no orçamento da União, ou seja, quanto o governo irá gastar em saúde, educação, infra-estrutura, segurança e outras áreas; votar em projetos de lei propostos pela presidência, além de fiscalizar as ações do presidente, vice e ministros.

Presidente da República
Entre as diversas funções de um Presidente da República, ele deve nomear os ministros de estado e servidores que o auxiliam em seus deveres; elaborar planos nacionais para o desenvolvimento econômico, social e urbano; sancionar ou vetar novas leis e nomear os ministros do Supremo Tribunal de Justiça. Ele também deve representar o Brasil em viagens internacionais, atuando como chefe de estado e assinar tratados e convenções internacionais.

Texto produzido para a matéria "Jornalismo Digital II" da Unisanta

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Recuperando o prestígio perdido

O Brasil terminou na última quinta-feira (2) sua participação na primeira fase do Mundial de Basquete, realizado na Turquia.

O saldo desta primeira fase do torneio foi muito positivo. Em cinco jogos, a seleção brasileira ganhou três, e os dois jogos que perdeu foram em partidas muito equilibradas contra equipes superioras.

Ao conquistar a classificação, garantida na vitória sobre a Tunísia no segundo confronto do torneio, o Brasil garantiu uma posição melhor do que a alcançada no mundial anterior, no Japão, onde nem sequer chegou a segunda fase e terminou na 17 posição geral.
Ao endurecer o jogo contra os Estados Unidos, quando teve chances de vencer até o último segundo, e dificultar a vida da Eslovênia, partida na qual Nenê fez muita falta, o Brasil recuperou um pouco de seu prestígio, perdido após anos de péssima administração e um relacionamento conturbado entre jogadores e comissão técnica.

Ao derrotar a Croácia, na última partida desta fase, o Brasil derrubou uma escrita, que já durava oito anos, de não conseguir vencer jogos contra times europeus em competições oficiais.

Contra a Argentina, adversário da próxima fase, a seleção terá a árdua tarefa de derrubar mais uma escrita incomoda. São 15 anos sem conseguir vencer os hermanos em pré-olímpicos e mundiais. Neste período foram sete derrotas.

Mas a situação poderia ser mais difícil. Caso o Brasil tivesse perdido para a Croácia, teria que enfrentar a Sérvia, cujo basquetebol assemelha-se muito ao da Eslovênia. Contra os sérvios, a seleção brasileira sentiria o mesmo tipo de dificuldade que sentiu contra os eslovenos. Sofreria com a grande diferença de porte físico de seus jogadores, e a ausência de um pivô “brigador”, como Nenê, ficaria tão evidente quanto ficou na primeira fase.


Além disso, deve-se contar a favor do Brasil o fato de ter, no banco, um técnico que conhece muito bem os argentinos. Rubén Magnano comandou a Argentina de 2002 até 2004 e, nesse período, conquistou o vice-campeonato no mundial de 2002 e o ouro olímpico em Atenas-04.

Outro aspecto positivo que pode ser observado no Brasil, é o bom desempenho defensivo. Deixando de lado os anos em que ficamos marcados pelo estilo de jogo “run and gun” (pouca preocupação defensiva e ataques rápidos, buscando pontuações elevadas), a seleção atual demonstra muito empenho na marcação e a capacidade de anular alguns dos melhores jogadores adversários.

Essa nova característica foi evidenciada no confronto ante os norte-americanos. Sem contar o jogo contra o Brasil, os Estados Unidos obtiveram uma média de 96,2 pontos por partida. Entretanto, na vitória sobre os brasileiros, o poderoso ataque foi limitado a 70 pontos.

Por fim, também é necessário exaltar que a boa participação brasileira não está limitada apenas aos jogadores que atuam na NBA. Marcelinho Huertas mostra-se muito seguro na armação de jogadas. Marcelinho Machado, titular absoluto do Flamengo, comprova sua vocação de cestinha e de exímio arremessador na linha de três pontos. Até mesmo jogadores que, até agora, estiveram poucos minutos em quadra, como Nezinho e Murilo, puderam apresentar um desempenho consistente.

Essa equipe tem potencial para sair da Turquia com alguma medalha. Entretanto, para que isso seja possível, ainda há muitas correções para serem feitas. Muitos defeitos ficaram evidentes nos cinco jogos iniciais.

O desempenho individual de alguns jogadores ainda esta longe do que é esperado. Leandrinho Barbosa, por exemplo, mostra-se inconsistente, alternando bons momentos com momentos de total apatia dentro da mesma partida.

Já Marquinhos, um dos principais reservas da seleção, só teve atuação convincente contra os Estados Unidos, marcando 16 pontos. Além disso, não devemos esquecer o episódio ocorrido no torneio pré-olímpico de 2007, quando o ala-pivô desentendeu-se com a comissão técnica do, até então técnico brasileiro, Lula Ferreira, chegando a afirmar em entrevistas que Ferreira estava perdido e que seus treinos eram muito fracos.

Outro aspecto preocupante são os “apagões” que o Brasil sofre em determinados momentos da partida. Contra a Eslovênia, a seleção estava realizando uma boa apresentação e terminou o primeiro quarto de jogo perdendo por 20 a 18. Entretanto, no segundo quarto ela simplesmente desligou-se do jogo, a vantagem da Eslovênia aumento para 44 a 30 e o prejuízo não pode ser revertido na segunda metade da partida.


Caso Rubén Magnano consiga solucionar essas inconsistências, o Brasil tem uma grande oportunidade de recuperar o basquete nacional, que parecia perdido diante da incompetência administrativa, e recolocar o país entre a elite mundial.

Essa oportunidade não caiu do céu nas mãos de Magnano. É fruto de um trabalho que começou com a troca da presidência da CBB em 2009, quando Gerasime Bozikis, o Grego, saiu, após 13 longos anos, para a entrada de Carlos Nunes.

Com a nova presidência veio, o antecessor de Magnano, o espanhol Moncho Monsalve, que conquistou a Copa América de 2009 contando com quase todos os principais jogadores que o Brasil possui.

Com o título veio a classificação para o mundial que esta sendo disputado e a aposta em mais um técnico estrangeiro e vitorioso.

Na próxima terça feira, o basquete brasileiro tentara dar mais um salto em sua história. Um salto por cima da Argentina, por cima dos anos de letargia administrativa, por cima das desavenças técnico-jogador.
Quiçá esse salto seja alto o suficiente para recolocar o Brasil no seu lugar de direito no basquete.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Eternamente Ronaldinho


O futebol moderno que vivenciamos é caracterizado pela superficialidade. Superficialidade na relação entre jogador–clube e jogador-torcedor. Com contratos milionários e a fome insaciável por dinheiro que movem empresários e cartolas, os jogadores não tem tempo de se criar qualquer tipo de relação afetiva com sua torcida. Em pouquíssimo tempo esses jogadores chegam, atuam e partem de seus clubes para realizar o mesmo processo em outra equipe.

Sendo assim, qualquer manifestação de afetividade e gratidão por parte de uma torcida a um jogador merece ser destacada pela raridade com que ocorre no futebol mercadológico.

 
Na última quarta-feira, dia 25, Ronaldinho Gaúcho esteve de volta ao Camp Nou, palco onde realizou suas melhores exibições pela camisa do Barcelona. O jogo era apenas uma decisão do torneio Joan Camper, uma competição amistosa que teve, como jogo final, Barcelona e Milan, atual time de Ronaldinho. O jogo em si ficou para o segundo plano, pois o dia era de homenagens ao camisa 80 do Milan.


Por toda parte era possível ver faixas em agradecimento ao meia-atacante. Antes da partida foi exibido, nos telões do estádio, um vídeo com lances e gols de Ronaldinho em seus anos de Barça. Após o vídeo, ele entrou sozinho em campo (os outros 21 jogadores já estavam perfilados) para ter a oportunidade de ser ovacionado pela torcida catalã. Além disso, ele foi convidado a posar junto da equipe barcelonista, para a tradicional foto oficial da partida.

Durante o jogo, Ronaldinho Gaúcho teve uma atuação discreta e os gols ficaram por conta de David Villa e Inzaghi, para Barcelona e Milan respectivamente.

Após a partida, que terminou com a vitória, nos pênaltis, do time espanhol, o capitão Charles Puyol ergueu o troféu da competição antes de chamar Ronaldinho para receber a taça como presente de agradecimento. O sorriso do jogador, que foi uma de suas principais marcas em seus anos de glória, foi uma constante durante o dia.

Todas essas homenagens são justificáveis. Nos anos em que jogou no Barcelona, Ronaldinho foi a síntese do que é o futebol arte. Mais do que jogar bem, ele encantou a todos e tornou-se ídolo pela forma como influenciou sua geração. Em todas as peladas de final de semana, era possível ver jovens com sua camisa número dez, imitando suas jogadas e repetindo seus gestos, tentando ser, mesmo que por alguns instantes, aquilo que Ronny representava para o mundo: a pureza do futebol.

 
Além disso, Ronaldinho Gaúcho foi, em sua essência, tudo aquilo que o futebol brasileiro representa historicamente. A alegria, a ousadia, o drible e os títulos.




De 2003, ano de sua chegada na Espanha, até 2008, o craque conquistou tudo que poderia ser desejado no mundo da bola. Foi bicampeão do campeonato espanhol nas temporadas 2004-2005 e 2005-2006. Foi campeão da Liga dos Campeões da Europa em 2005-2006 e foi duas vezes eleito pela FIFA como melhor jogador do mundo, em 2004 e 2005.

Pela seleção brasileira, ele foi fundamental na conquista da Copa do Mundo de 2002. Mesmo não sendo o principal jogador da equipe, que tinha Ronaldo e Rivaldo em ótima fase, ele foi o autor de um dos gols na vitória por 2 a 1 sobre a Inglaterra, nas quartas de final do torneio. Sua cobrança de falta, resultando no gol canarinho, é até hoje lembrado como um dos momentos mais importantes na conquista do pentacampeonato mundial.

Mais do que isso, Ronaldinho Gaúcho conseguiu algo que pouquíssimos jogadores no mundo já tiveram a oportunidade de realizar: foi capaz de fazer com que a torcida do Real Madrid, maior rival do Barcelona, aplaudisse sua atuação após ser derrotado pelo craque. O fato aconteceu em novembro de 2005 em uma partida válida pelo campeonato espanhol.

Jogando no Santiago Bernabéu, casa do rival, Ronaldinho fez dois gols e foi crucial para a vitória por 3 a 0 em cima da equipe de Madrid. Após o segundo gol dele, terceiro da partida, os torcedores madrilenhos levantaram-se para aplaudir o jogador. Deixaram de lado toda a rivalidade e ódio que existe entre suas equipes para ovacionar, o que sabiam ser, um dos maiores jogadores da história.

Em 2008, depois de 215 jogos e 98 gols marcados pelo Barcelona, Ronaldinho perdia seu brilho. Seu rendimento em campo foi caindo e suas atuações passaram a ser discretas. Seu futebol foi perdido em algum campo do mundo e, desde então, nunca mais foi encontrado.
Na tentativa de recuperar aquilo que encantava a todos, ele transferiu-se para o Milan, onde ainda não foi capaz de repetir suas exibições de gala. Hoje, a estrela, que surgiu no Grêmio e rumou em direção a Europa para conquistar o mundo, não é nem ao menos sombra do que já foi.

Mas isso não diminui em nada a gratidão que os torcedores do Barcelona têm por seu ídolo. Eles provaram, que mesmo nos dias de hoje, é possível criar um laço entre o clube e o jogador e deram uma lição de como valorizar alguém que honrou o manto de sua equipe.
Mesmo que Ronaldinho Gaúcho nunca mais volte a ser o que era antes, ele ficará eternizado na memória de todos os admiradores do futebol. Afinal de contas, ele não presenteou apenas os torcedores do Barcelona com gols e títulos. Ele presenteou o mundo inteiro com sua alegria de jogar futebol e nos fez recordar do quão puro e simples pode ser a prática desse esporte.








Créditos dos vídeos
Homenagem do Barcelona a Ronaldinho Gaúcho: http://www.youtube.com/watch?v=ykj41EIFtYg

Por Guilherme Uchoa

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Pa Pa l'americana (Atrás da americana)


Há algum tempo, dizer que a tarefa do Santos na Copa Sul Americana é eliminar o Avaí seria considerado algo simples. Porém, uma série de fatores faz com que esta tarefa de quarta à noite seja uma das mais ingratas que a badalada equipe da vila teve neste ano.

As indefinições relacionadas ao destino de seus principais nomes deixam diversas dúvidas na cabeça do torcedor e incertezas constantes na mente de Dorival Jr.. Sem saber se poderá contar com Wesley, Neymar e Edu Dracena para o restante da temporada, além dos desfalques já consumados de Robinho e André, Dorival tenta usar as peças de seu elenco para repor, sem sucesso, a equipe titular que tanto agradou no primeiro semestre de 2010.

O resultado disso é uma equipe totalmente desfigurada e que nem de longe possui o futebol envolvente e ofensivo de meses atrás. O melhor exemplo dessa situação foi a última partida do Peixe, contra o Vitória no Barradão. Com seis desfalques, o time que entrou em campo vestindo o uniforme branco se mostrou esforçado e determinado. Entretanto, jogando com três volantes e com um futebol cadenciado, a equipe esbarrou nas próprias limitações técnicas, além da ótima marcação imposta pelo time baiano em PH Ganso.

O segundo fator que nos expõe a dificuldade da situação é a possível “falta de interesse” no torneio. Justamente na primeira edição da Sul Americana que confere ao campeão vaga para a Libertadores-2011, o Santos dispensa tal premiação por já ter essa vaga carimbada. Sendo assim, o único objetivo dentro deste torneio seria a conquista de mais um título na temporada (só isso deveria bastar), além de ser mais um torneio continental para a sala de troféus da equipe.

Por fim, deve-se ressaltar a excelente fase vivida pela equipe catarinense. Em seus 86 anos de história, a equipe de Florianópolis pode estar vivendo um de seus melhores momentos.

Em sua sexta participação na série A, o time de Antônio Lopes figura na terceira posição do campeonato, com 22 pontos, e segue embalado após derrotar o próprio Santos por 3 x 1, no primeiro jogo da Sul Americana, e o Corinthians, por 3 x 2, no brasileirão. Além disso, o goleiro da equipe, Renan, foi recentemente convocado por Mano Menezes para fazer parte da seleção no amistoso contra os Estados Unidos.

Pode parecer pouco, mas é um momento muito importante para uma equipe que tem como sua maior glória um título de campeão da série C do brasileirão, conquistado em 1998. Fora isso, possui outros 15 títulos de estaduais.

Com todas essas dificuldades, o Santos tentará reverter o placar adverso do primeiro jogo. A seu favor pode pesar o retorno de Neymar e a possível estréia de Keirrison, que serviriam como válvula de escape para Ganso.

Talvez assim o Santos possa provar que não sentiu a ausência de duas das grandes estrelas do primeiro semestre, dar o primeiro passo para formar o elenco que, em 2011, disputara a cobiçada Libertadores da América e fazer jus aos versos da torcida que clama o Santos como “o time da virada, o time do amor.”.

Obs.: A título de esclarecimento: o título do texto refere-se ao refrão da música "We no speak americano" de Yolanda Be Cool e significa "Atrás do americano", perfeito para esta resenha.


segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Podcast - Banda Carlos Bronson - produzido dia 09/08/10

Este é um podcast que fiz, para a faculdade, sobre a banda Carlos Bronson.


obs.: sou jornalista e não técnico de informática, muito menos, editor de áudio. Portanto, peço desculpas caso a qualidade do áudio não seja das melhores.




terça-feira, 3 de agosto de 2010

O X de ouro de 15 anos


Acabou no último domingo, dia 1 de agosto, a décima sexta edição dos x-games, realizados em Los Angeles, Estados Unidos.

O Brasil contou com 14 representantes para a maior competição do universo radical. Entre eles estava Bob Burnquist, principal nome do skatebord brasileiro e um dos mais respeitados em todo o mundo. Além disso, é um dos quatro competidores que esteve em todas as edições dos x-games.

Burnquist trouxe três medalhas, sendo uma de bronze (vertical Best trick), uma de prata (big air) e uma de ouro, no Rail Jam, o corrimão da mega rampa, onde Bob levou a torcida ao delírio ao percorrer os dez metros do trilho com os dois eixos de seu skate, antes de inverter a posição do corpo, aterrisando de costas.

Mas, que Bob Burnquist é um dos maiores da história, não é novidade. Quem realmente surpreendeu e chamou a atenção foi Pedro Barros, o Pedrinho. Jovem de 15 anos, nascido em Florianópolis, Pedrinho Barros é um dos principais representantes da nova geração do skate mundial.

O garoto, que já é conhecido como um fenômeno dentro do mundo dos esportes radicais, conquistou o x de ouro no último dia de competição, na disputa do skateboard park.

Desbancando veteranos do esporte, como Andy Mcdonald, de 37 anos, e superando outros representantes dessa nova geração, como Curren Caples, de apenas 14 anos, e Kevin Kowalski, de 18 anos, Pedrinho demonstrou tranqüilidade para chegar em sua primeira medalha de ouro em seu ano de estréia como profissional.

Bem articulado e de inglês fluente, ele terminou na liderança das eliminatórias da prova e como líder geral das duas baterias semifinais, com incríveis 88 pontos, para finalmente ter o direito de brigar na final.

Mas as coisas não foram tão tranqüilas durante a bateria final. Em suas primeiras voltas, Mcdonald fez 40 pontos enquanto que Barros fez 38. Na volta seguinte, o brasileiro deu o troco fazendo 43 pontos contra 40 do norte americano. Porém , na terceira volta, Pedrinho caiu durante sua manobra e ficou com apenas 28 pontos enquanto que Mcdonald melhorou suas parciais com 41 pontos.

Após esse susto, só deu Pedrinho na competição. Andy Mcdonald continuou com a mesma rotina que já havia realizado nas três primeiras voltas, porém seu desempenho caiu e seus 38 e 35 pontos seguintes não foram capazes de bater os 43 pontos que Pedrinho fez em sua volta final.

Como as colocações são definidas pela soma das duas notas mais altas que os skatistas obtiveram durante suas voltas, Pedro Barros ficou com 86 pontos e Andy Macdonald com 81.

O primeiro lugar de Pedrinho valeu lhe elogios de uma das maiores lendas do skate, Tony Hawk. Durante a transmissão norte americana da prova, Hawk disse que o brasileiro conseguia encontrar velocidade no traçado da pista em pontos onde não seria possível fazer-lo.

Com essa conquista inédita de Pedrinho, o Brasil encerrou os x-games com sete medalhas e a certeza de que, cada vez mais, o país do futebol cresce e ganha respeito no mundo do skate. O pioneirismo de atletas como Sandro Dias e do próprio Bob Burnquist agora conferem ao Brasil a possibilidade de revelar novos talentos. Talentos cada vez mais novos.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Até onde vai a dignidade de um piloto?

É uma das últimas voltas da corrida. O piloto brasileiro da Ferrari vem liderando o GP da Alemanha para conquistar, com tranqüilidade, a primeira colocação.


Até que uma voz no comunicador do piloto indica que é hora de ele se retirar. ”Ok. So, Fernando is faster than you! Can you confirm that you understood that mensage?”. A fala pausada e a entonação usada deixam claro que era hora de Felipe Massa abrir espaço para o outro piloto da Ferrari, Fernando Alonso, aparentemente melhor que Massa, passar e conquistar a vitória que deveria ser do brasileiro.

Após isso, mais uma mensagem pode ser ouvida através do comunicador de Massa. “Ok man. Good luck, just stay with them... Sorry.”

O pedido embaraçado de desculpas não é capaz de amenizar a gravidade do que tinha acabado de acontecer. Mais uma vez na história recente da Formula-1, um piloto brasileiro seria obrigado a ceder passagem para seu companheiro de escuderia.

A sensação de “Déjà vu” remete a 2002 quando, Rubens Barrichello, brasileiro, piloto da Ferrari, sob ordens de seus superiores, deixou que Michael Schumacher, piloto número um da escuderia, assumisse na reta final a liderança do GP da Áustria. Na época Rubinho foi muito contestado e criticado pela torcida brasileira, que viu em sua atitude um ato medroso e pouco digno.


Entretanto, naquele mesmo ano tivemos um caso muito semelhante envolvendo o próprio Felipe Massa. Ele corria pela Sauber ao lado de Nick Heidfeld e estava na sexta posição do Grande Premio da Europa.

Confirmada esta sexta posição, Massa ganharia um ponto (naquela temporada, apenas os seis primeiros colocados recebiam pontos). Porém, Peter Sauber, chefe da escuderia, ordenou que o brasileiro deixasse Heidfeld, sétimo colocado até então, passar e assumir a sexta colocação, obtendo assim o ponto que seria de Massa.

Felipe recusou a ordem de Sauber e passou a linha de chegada na sexta colocação. No fim do ano, foi demitido da escuderia.

É muito provável que esses dois episódios de 2002 tenham passado pela mente de Massa nos instantes em que teve para decidir entre a obediência à hierarquia da Ferrari, e a desobediência as ordens de superiores.
Obedecendo as ordens de sua escuderia, Felipe Massa estaria comprovando o seu respeito pela hierarquia da equipe e, provavelmente, garantindo sua permanência na escuderia ao fim da temporada. Desobedecendo a orientação, ele manteria sua honra e dignidade, mas poderia passar pelo mesmo episódio de 2002 e acabar sendo demitido de uma das equipes mais fortes da F-1.

Em outras palavras, era uma questão de honra para o piloto ou fidelidade para a escuderia.

Mesmo assim devemos entender também o ponto de vista da Ferrari. Por ser ela quem investe fortunas nas corridas, possui o direito de usar os seus pilotos para fazer o seu “jogo de equipe”, fazer o que achar mais conveniente para si.

Tudo isso será julgado pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo) no dia 10 de setembro, em Paris, onde esta localizada sua sede. Mas, dificilmente eles conseguirão chegar a um consenso sobre as linhas que separam os direitos da escuderia dos direitos do piloto, fazendo com que seja impossível afirmar quem esta certo e quem esta errado nessa situação.

Provavelmente permaneceremos com a dúvida de se o trabalho em equipe da escuderia e seus interesses valem tanto quanto o orgulho e a glória pessoal do piloto que dirige o automóvel.

Enquanto isso, os brasileiros vão assumindo os seus papéis de coadjuvantes e abrindo espaço para que outros pilotos brilhem.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Nas (des)graças da torcida

Até o mês passado, antes da Copa do Mundo, Neymar era excepcional,Ganso era genial, André era matador e o Robinho era o jogador perfeito para completar o grupo com esses jovens.

Porém, depois de apenas dois jogos (e duas derrotas), tudo isso veio a ruir. De genial, o Ganso passou a ser “pipoqueiro”, de excepcional, Neymar passou a ser uma “bichinha”. De matador, o André virou “fraco” e o Robinho ganhou a alcunha de “ridículo”.

Não seria surpreendente caso essas ofensas fossem feitas por torcedores rivais ao Santos. Mas, o que realmente me estarrece é que, todas essas ofensas, são feitas pelos próprios “torcedores” do Santos.

Dizem que brasileiro tem memória curta. Em pouco tempo esquece dos políticos corruptos, esquece das glórias atingidas por seus atletas em olimpíadas, esquece o nome de assassinos e de seus crimes chocantes.


Pois bem, a memória do “torcedor” santista dura apenas um mês. Ela já esqueceu do título do Campeonato Paulista e o excelente desempenho na Copa do Brasil.

Já esqueceu as três vitórias em cima do São Paulo. O gol de letra feito por Robinho em sua estréia sobre o mesmo São Paulo. Os gols incríveis de Neymar. As goleadas histórias de 10 a 0, 9 a 1 e 8 a 1 (sobre Naviraiense, Ituano e Guarani, respectivamente). O petardo de Ganso no gol contra o Grêmio, que valeu a classificação do Santos a final da Copa do Brasil. Os gols de cobertura de Robinho e Ganso e as comemorações que faziam a alegria da torcida.

Tudo isso parece ter virado um passado distante e insignificante para a grande maioria da torcida. “Ela” não aceita queda de rendimento, “ela” não aceita sair de uma partida sem ter visto pelo menos cinco gols de sua equipe. “Ela” virou uma torcida mimada e arrogante que é capaz de transformar seus ídolos de ontem, em pernas-de-pau de hoje.

Contra o Fluminense, ontem na vila, essa torcida atingiu o limite de sua antipatia. O time não saiu de campo vitorioso, mas também não teve um desempenho fraco. O Santos criou infinitas possibilidades de gols, envolveu o seu adversário e arriscou muito para sair com a vitória. Entretanto, seus chutes pararam nas mãos do goleiro Fernando Henrique, esbarraram na trave ou passaram muito perto da meta.

Ontem, não era dia de sair gol para o Santos. Na verdade, ontem era dia de o torcedor santista provar sua fidelidade com o clube e incentivar os jogadores em campo. Era dia de mostrar que, apesar das derrotas, eles ainda acreditavam nos meninos da Vila. Era dia de renovar seu amor com o time e mostrar aos jogadores sua confiança no desempenho que eles podem ter.

Estamos a nove dias da decisão da Copa do BR e nunca, neste ano, a relação entre torcedor e jogador esteve tão estremecida quanto agora. Talvez seja hora de refletir a importância que um torcedor pode ter em uma partida de futebol. Em um momento delicado que o seu clube passe, você toma que tipo de atitude? Incentivar e torcer pela recuperação ou ajudar a afundar seus atletas com ofensas e palavras duras?
Se a sua resposta foi a segunda opção, talvez seja melhor ficar em casa e assistir aos jogos pela televisão.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

K9 e o seu sonho de Europa

Com o término da Copa do Mundo, as atenções voltam para os clubes brasileiros e suas competições. Saem de cena Forlan, Cristiano Ronaldo e Iniesta, e entram Ronaldo, Neymar e Hernanes.

Durante esses 30 e tantos dias em que a Copa se desenrolava na África, os clubes daqui buscavam reforços para o segundo semestre. Afinal de contas, existi sim, vida depois da Copa.

O Palmeiras trouxe Felipão para o comando e Kleber “Gladiador” para o ataque. O Flamengo contratou três jogadores. Entre eles um goleiro, visto que o seu goleiro titular não esta em condições de atuar (não vou me estender nesse assunto. Afinal de contas, “quem nunca saiu na mão com a mulher, xará?”).

Mas uma das contratações que mais chamou a atenção foi feita pelo Santos. Adquiriu o atacante Keirrison.O jogador chega ao Santos por um período de empréstimo de um ano junto ao Barcelona da Espanha.


O jovem de 21 anos começou a despontar para o futebol atuando pelo Coritiba, sendo artilheiro de sua equipe com 12 gols na disputa da série B de 2007. Esses gols foram fundamentais para levar o “Coxa Branca” ao título da competição.

No ano seguinte, na série A, Keirrison fez 21 gols, dividindo a artilharia do campeonato com Kléber Pereira e Washington. Desses 21 gols assinalados por ele, o torcedor santista deve recordar-se de pelo menos sete, já que esse foi o número de gols que o atacante fez na equipe da vila, em apenas dois jogos.

No primeiro turno do Brasileirão, o Coritiba bateu o Santos na Vila Belmiro por 3 a 1, sendo os três gols marcados por Keirrison. Maikon Leite fez o tento em favor da equipe da Vila. No segundo turno, o K9 foi além. Foi o autor de quatro gols em cima do Santos na goleada por 5 a 1.

Em função desses ótimos resultados apresentados, o Palmeiras adquiriu o jogador no começo de 2009. Entretanto, sua passagem pelo clube foi mais curta do que poderia se imaginar. Após um excelente começo, com 16 gols assinalados em 14 partidas, Keirrison foi negociado com o Barcelona, irritando o até então técnico do verdão, Luxemburgo.


Depois dessa desavença, o atacante rumou para a Europa onde não conseguiu o sucesso esperado. Ao chegar no Barcelona, foi imediatamente emprestado para o Benfica de Portugal. Por lá ele atuou em sete partidas apenas, marcando dois gols. Insatisfeito, foi emprestado mais uma vez, agora para a Fiorentina da Itália. Mas, por falta de espaço, também não atuou muito. Fez outros dois gols em 11 partidas.

Foi nesse momento que surgiu o interesse do Santos em contar com o atleta em seu elenco. Após vender sua jóia da base, o atacante André, para o futebol da Ucrânia, o time da baixada precisava repor seu elenco no setor ofensivo. A Fiorentina não queria Keirrison para o segundo semestre e o Barcelona estava interessado em emprestá-lo mais uma vez. Logo, o acordo foi fechado para que ele voltasse ao Brasil buscando recuperar o futebol que não foi capaz de apresentar durante um ano na Europa.

Ainda é cedo para dizer se Keirrison poderá ocupar o lugar deixado por André. Portanto, o que podemos fazer, por enquanto, é analisar os números apresentados pelos dois artilheiros.

André estreou entre os profissionais do Santos em 2009, marcando um gol na vitória santista sobre o Fluminense por 2 a 0. No total, André atuou em 49 partidas e fez 28 gols, alcançando assim uma média de 0,57 gol por partida.

Keirrison fez mais gols e atuou em mais partidas que André. Em 175 jogos, ele foi responsável por 93 gols. Logo, sua média é de 0,53 gol por partida.

Lógico que apenas números não são capazes de determinar a eficiência que um jogador possa ter por um clube, mas ajudam a mostrar a semelhança existente entre os dois atacantes. São dois jovens que despontaram entre os melhores do futebol brasileiro. Um deles esta de partida para a gélida e desconhecida Ucrânia, onde espera provar seu valor com gols pelo Dynamo de Kiev. O outro teve seu “sonho de Europa” interrompido pela falta de oportunidades nos clubes que passou.

Agora Keirrison tenta recuperar seu prestígio para um dia voltar ao futebol do velho continente. Aos santistas, resta a esperança de ver o K9 balançar as redes várias vezes. Só que, dessa vez, a favor da equipe peixera.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

Ganha o time do Po(L)vo



Pode parecer estranho, mas a Copa do Mundo da África do Sul acabou e o principal destaque foi o polvo Paul, o polvo vidente.

Ele previu com exatidão os vitoriosos de oito partidas desta copa. Mas não previu que tantas estrelas do futebol deixariam a desejar na competição. Messi, Cristiano Ronaldo e Wayne Rooney não apareceram para o torneio e suas seleções, tão dependentes de seus desempenhos, ficaram pelo caminho.

Com tantas estrelas decepcionando durante o torneio, era de esperar que, pelo menos na final, Holanda e Espanha mostrassem um futebol vistoso.

Mas não foi bem assim. Com as duas equipes jogando um futebol meia-boca, parecia que o melhor candidato a erguer a taça era o torcedor maluco que invadiu o campo minutos antes dos jogadores entrarem.


A Holanda, que jogou um futebol tão eficiente até então, parecia mais preocupada em intimidar o oponente com “butinadas”, ao melhor estilo Costa do Marfim, do que propriamente envolver o adversário com a qualidade de seus meias. De Jong, com seu chute no peito de Xabi Alonso, e Van Bommel, com a sutileza que lhe é peculiar, poderiam perfeitamente unir-se a Felipe Melo em um time de luta livre.

Já a Espanha, muito mais interessada em jogar futebol do que qualquer outro esporte, buscou a vitória da mesma forma que fez nas partidas anteriores: valorizando a posse de bola e tentando trabalhar o toque com todas as suas peças. O estilo de jogo é bem similar ao do Barcelona, o que não é difícil de entender já que a maior parte do time titular é composta por jogadores dessa equipe. Dos 11 que entraram em campo para a decisão, sete são jogadores do Barça.

Apesar de ser melhor em campo, quem teve as maiores chances de definir a partida foi a Holanda. Aliás, quem teve as melhores chances de definir a partida foi Robben. Por duas vezes ele teve a oportunidade de abrir o placar para a sua equipe e por duas vezes parou nas mãos de Casillas (ou nos pés também).


Com toda essa inoperância dos ataques, a partida foi para a prorrogação. E mais uma vez a Espanha monstrou-se mais interessada em fazer gols. Com isso, foi premiada com o tento assinalado por Iniesta, aos 11 minutos do segundo tempo da prorrogação.
Não vou entrar no mérito de avaliar se o futebol bonito da Espanha ganhou do futebol de resultado da Holanda pois, para mim, o futebol bonito pode ser de resultado e vice-versa.

A questão é que a Espanha se torna a primeira seleção europeia a conquistar uma Copa do Mundo fora de seu continente. Já para a Holanda sobra a amargura de terminar pela terceira vez como segundo colocado.

Independente da escolha feita pelo molusco vidente, ganhou a equipe que mais buscou jogo, que mostrou toda a sua vontade de ganhar e que teve nas mãos de seu goleiro-capitão Casillas a certeza de que estava entrando para a história ao erguer a taça mais cobiçada de todas.

Agora a copa do mundo descansará na Espanha até que, em 2014, a nata do futebol mundial volte a se encontrar na busca pela glória.

Para o Brasil, glória maior seria provar para o mundo a capacidade de sediar um torneio dessa importância. A capacidade de resolver os sérios problemas sociais que passamos, sem ter a necessidade de “escondê-los” durante um mês para que depois do torneio eles voltem com força redobrada. Isso seria muito mais valioso do que os quilos de ouro puro que a taça do mundo possui.

Até o Polvo Paul já sabe disso, só falta os nossos políticos saberem.

sexta-feira, 9 de julho de 2010

A escolha de LeBron


Poucas vezes na história da NBA uma pré-temporada foi marcada por tanta expectativa quanto ao destino de um jogador.

Amare Stoudemire saiu do Phoenix Suns, do brasileiro Leandrinho Barbosa, para tentar a sorte no New York Knicks. Carlos Boozer deixou o Utah Jazz para defender as cores do Chicago Bulls.

Entretanto, essas notícias nem ao menos chegam perto da importância da transferência do astro LeBron James para o Miami Heat. Após sete anos dedicados ao Cleveland Cavaliers (sem nunca ter conquistado um título), a estrela decidiu unir-se a Chris Bosh e Dwyane Wade para formar, o que já esta sendo considerando pela imprensa norte americana, um “supertime”.

A sede por títulos de LeBron é tão grande que ele aceitou receber menos do que receberia nos Cavs para poder fazer parte dessa super equipe. Caso optasse por continuar em Cleveland, receberia algo em torno de US$ 128 milhões. Porém, para um contrato de cinco anos com o Miami Heat, o astro receberá a “mixaria” de US$ 99 milhões.

Valores a parte, o que realmente interessa para os fãs da NBA é se esse trio será capaz de tirar a hegemonia imposta por Los Angeles Lakers e Boston Celtics, ou se acabara sendo uma decepção como foi a dupla Allen Iverson e Carmelo Anthony no Denver Nuggets.

A história da NBA prova que apenas uma estrela não é capaz de leva uma equipe ao título. Nem mesmo Michael Jordan conquistou um título enquanto não tinha a companhia de Scottie Pippen. Os Celtics também só conseguiram sair das últimas posições para se tornarem uma das franquias mais fortes da liga quando Paul Pierce passou a ter a ajuda de Kevin Garnett e Ray Allen.

Apesar de toda a frustração e raiva dos torcedores dos Cavaliers em ver a sua principal estrela trocando de ares, podemos ter certeza que essa temporada da NBA será uma das mais interessantes dos últimos anos. Com várias estrelas trocando de franquia, podemos esperar muito equilíbrio entre as equipes e vários candidatos ao título. Por fim, saberemos se LeBron James atingiu a maturidade necessária para chegar ao topo ou se ainda permanecerá na sombra de Kobe Bryant.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Hoje o céu parece mais azul


O ano era 1950

O estádio era o Maracanã

O jogo valia o título da Copa do Mundo

O favorito era o Brasil

O vitorioso foi a Celeste uruguaia...

Aquele Uruguai, bicampeão olímpico (1924 em Paris e 1928 em Amsterdã), tornava-se então bicampeão mundial (o primeiro título veio em 1930 na primeira edição do torneio). Porém, a surpreendente virada em cima do Brasil foi o último momento de brilho da celeste em copas do mundo. Desde que os gols de Schiaffino e Ghiggia emudeceram o Maracanã, parece que a poderosa Celeste também se aquietou. Os anos que seguiram foram de letargia e de resultados inexpressivos. A camisa azul-celeste foi perdendo sua força e seu respeito perante os adversários.

Foram 60 anos nos quais 14 edições de copas do mundo foram disputadas e o resultado mais expressivo do Uruguai foi uma quarta colocação nas copas de 54 e 70. Foram 31 jogos disputados nos quais tiveram apenas oito vitórias contra nove empates e 14 derrotas.

Esse era o quadro que o Uruguai apresentava antes de iniciar a Copa da África do Sul. As expectativas não eram muito positivas quanto ao desempenho que esta seleção poderia ter, visto que tinha conseguido sua classificação para o torneio apenas na repescagem.

Entretanto, o que se viu em solos africanos foi algo que esta fora de nossa compreensão.O Uruguai em campo não era a mesma seleção frágil e pouco inspirada vista nas eliminatórias. Era um Uruguai forte, que sabia de seus limites e que estava confiante no que era capaz de fazer.

Difícil acreditar que tamanha mudança de postura deva-se apenas a alteração tática do técnico Oscar Tabarez, deslocando, o até então atacante, Forlan para a armação de jogadas. Parece que houve uma mudança de espírito, uma mudança sobrenatural que foge ao nosso entendimento e que fez com que esses jogadores incorporassem os bons e velhos tempos de Celeste Olímpica, como era conhecida.

Subitamente, o Uruguai a passou a contar com a segurança e eficiência de seu camisa 2, Lugano. Passou a contar com a raça e empenho na marcação de seu camisa 4, Fucile. Contava com a precisão e técnica de seu camisa 10, Forlan e com a pontaria certeira de seu camisa 9, Suarez.

Além disso, essa seleção nos presenteou com um dos jogos mais emocionantes de todas as copas: o jogo contra Gana pelas quartas de final, no qual Suarez sacrifica-se colocando, propositalmente, as duas mãos na bola dentro da grande área uruguaia para evitar o que seria o gol da classificação ganesa e eliminação celeste. O pênalti, cobrado por Asamoah Gyan, aos 17 minutos do segundo tempo da prorrogação, não entrou e o Uruguai conseguiu a heróica e histórica classificação na disputa por penalidades.


Depois de tudo isso, não é necessário ver mais nada dessa seleção pois, só pelo que já foi visto, é o suficiente para afirmar que o Uruguai ressurgiu e que mais uma vez figura entre as principais potencias do futebol. Ótimo para os amantes desse esporte, que agora podem ver uma camisa de peso e tradição desfilando com dignidade pelos campos do mundo.

Sendo assim, para este jogo (Uruguai x Alemanha, pela terceira posição), eu não tenho dúvidas de para quem eu devo destinar minha torcida. Assim como não tenho dúvidas de qual será a imagem dessa Copa que ficará guardada em minha mente... Teria sido a mão de Deus?

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Como se perder uma Copa do Mundo em apenas três etapas

O assunto já foi mais do que comentado e discutido na mídia, mas acredito que seja interessante destinar mais algumas linhas a este assunto.

Afinal, como deixar uma copa do mundo escapar de suas mãos? Talvez, sofrendo um gol no qual a bola não atravesse totalmente a linha fatal como ocorreu com a Alemanha em 1966. Talvez desperdiçando uma cobrança de pênalti como fez Roberto Baggio em 1994 contra o Brasil. Ou então desferindo uma cabeçada em seu oponente e,conseqüentemente, sendo expulso de uma final como fez Zidane em 2006.


Diversas formas de ser eliminado em um dos torneios mais importantes do mundo poderiam ser citadas, porém, não me recordo de nenhum jogador que tenha feito tanto esforço para que isso acontecesse como fez Felipe Melo.

Sua convocação já era muito contestada pelos brasileiros e sua presença entre os titulares era quase uma loucura de Dunga. Afinal de contas, será possível que, entre os 180 milhões de brasileiros, não exista um volante melhor qualificado para usar a camisa 5 da seleção?

De qualquer forma, no meio dos outros jogadores questionáveis da seleção (Josué, Kleberson, Julio Batista, Gilberto, etc.), Felipe Melo até parecia um jogador razoável. Porém, o que se viu em campo foi de dar inveja aos bons tempos do jogador Dunga. Felipe Melo foi um jogador violento, desleal, previsível e uma tragédia mais do que anunciada aproximava-se.

Sendo assim, para o técnico Dunga, uma bomba estava preste a explodir. E realmente explodiu; e plenas quartas de final contra a poderosa Holanda.

Antes disso, por incrível que pareça, F. Melo deu uma assistência genial para Robinho abrir o contador, em um passe em profundidade a lá Zico (as comparações limitam-se apenas a este passe).

Mas a catástrofe ainda iria começar.

A primeira etapa desta catástrofe foi o gol contra. Todos sabem que a grande área é o local onde o goleiro da equipe deve se impor. É o momento em que ele aparece, mais alto do que os outros 21 jogadores, e domina a bola com segurança para então afastar o perigo de sua área. Mas não deve ser muito fácil fazer isso quando se tem um Felipe Melo trombando com você e desviando a sua bola para dentro de sua própria rede. 1 a 1 no placar.

O jogo segue e o Brasil fica nervoso em campo, erra coisas simples que não errava antes e passa a clara mensagem para a Holanda que o caminho para a virada seria nos cruzamentos. E é em mais um cruzamento no qual Felipe Melo nos passa sua segunda etapa dos ensinamentos. A falha de marcação.

Essa etapa é bem mais simples do que a anterior, basta você ficar parado, ou seja, não fazer absolutamente nada do que seria esperado por você em um escanteio. Afinal de contas você é o volante da equipe e, ao invés de marcar o oponente, você “esquece” dessa função básica e deixa que um jogador de 1 metro e 70 cabecear a bola totalmente livre para dentro de seu gol. 2 a 1 no placar.

Depois disso, aquele Brasil nervoso em campo visto anteriormente parecia até um time calmo e tranquilo comparado com o que se viu na sequencia. Mas, Felipe Melo estava calmo, afinal de contas, ele não tinha terminado seu serviço.


Sendo assim, chegamos a terceira e última etapa do processo. A expulsão.

Quando o seu time pensa que você não tem mais nenhuma “burrada” para fazer, eis que você pisa no principal jogador adversário e é mandado embora do “combate”. Com essa atitude, você sela de vez o destino de sua seleção e impossibilita qualquer tipo de reação que poderia acontecer.

Com essas três etapas, você é capaz de eliminar as melhores seleções de uma copa do mundo e entrar para a história na seleta lista dos vilões brasileiros, dividindo espaço com Ghiggia, Paolo Rossi, Zinedine Zidane e Thierry Henry.

Bom para o técnico Dunga, que agora pode dividir essa titulo de vilão com outra pessoa.

História das Copas (texto produzido em junho/2010)

Desde que foi disputada a primeira Copa do Mundo, em 1930, idealizado pelo jornalista francês Jules Rimet, o torneio passou de uma simples competição internacional para um dos eventos esportivos mais importantes e aguardados por todos os amantes do futebol. Dentro desses 80 anos de torneio, diversas seleções ficaram marcadas por seus títulos e pela forma como revolucionaram o futebol.

A primeira Copa do Mundo foi disputada no Uruguai, tinha apenas 13 seleções participantes, das quais apenas quatro eram européias, visto que a maioria das seleções da Europa decidiram não participar em função de uma grave crise econômica. Esta copa teve o próprio Uruguai, bicampeão olímpico, como grande vitorioso. Quatro anos depois, em 1934, 32 seleções tiveram que participar de partidas eliminatórias para que então 16 equipes tivessem o direito de disputar o torneio. O Uruguai recusou-se a participar em represaria as seleções européias que não participaram da edição anterior. Mais uma vez o país sede da competição, a Itália desta vez, sairia campeão. A hegemonia italiana foi comprovada na edição seguinte do torneio realizado na França, quando a azurra derrotou a Hungria na final.


Porém, em função da Segunda Guerra Mundial, a Copa do Mundo não foi realizada durante 12 anos, só retornando em 1950 em solos brasileiros. Esta Copa entrou para a história do país de forma negativa pois o Brasil, após eliminar todos os adversários e chegar à final como favorita ao título, foi derrotado pelo Uruguai, de virada, em pleno estádio do Maracanã. Este episódio entrou para a história como o Maracanazo e até hoje é lembrado como um dos momentos mais tristes do futebol brasileiro. Diversos jogadores como o goleiro brasileiro Barbosa e o atacante Ghiggia, autor do segundo gol uruguaio, ficaram marcados como vilões desta derrota inesperada e o Brasil só viria a superar essa derrota oito anos depois quando ganharia sua primeira copa do mundo.

Antes disse, em 1954 na Suíça, a Alemanha conquistou o título derrotando a Hungria na decisão.

Então, em 1958 na Suécia, o Brasil finalmente conquistou seu primeiro título mundial. Contando com jogadores históricos como Djalma Santos, Zito. Nilton Santos, Didi e a incrível dupla Garrinha e Pelé, o Brasil passou por todos os seus adversários até derrotar a anfitriã por 5 a 2 na grande decisão. Nesta partida a seleção canarinho entrou em campo com: Gilmar, Djalma Santos, Bellini, Orlando, Nilton Santos, Zito, Didi, Garrincha, Vavá, Pelé e Zagallo. O técnico era Vicente Feola.

Quatro anos após a seleção voltaria a ganhar a copa do mundo, desta vez no Chile contra a Tchecoslováquia. Na final, em campo, a seleção contava com a base da equipe que conquistara o primeiro título: Gilmar, Djalma Santos, Mauro, Zózimo, Nilton Santos, Zito, Didi, Garrincha, Vavá, Amarildo (que substituiu o contundido Pelé) e Zagallo. Desta vez o técnico era Aymoré Moreira.

Em 1966 a Inglaterra, jogando em casa, foi a vitoriosa deixando a Alemanha Ocidental com o segundo lugar. Em 70 no México, uma seleção brasileira renovada foi a encarregada de conquistar o tricampeonato e com isso obter a posse definitiva da taça Jules Rimet. A seleção fez uma campanha perfeita, ganhando todas as partidas as quais disputou inclusive goleando a Itália na final por 4 a 1. Em campo nesta partida tínhamos Félix, Carlos Alberto, Brito, Piazza, Everaldo, Clodoaldo, Gérson, Rivellino, Jairzinho, Tostão e Pelé, comandados por Zagallo.

Após esta edição do torneio, o Brasil ficou um longo período sem o título. Foram 24 anos nas quais a Alemanha (1974 e 1990), Argentina (1978 e 1986) e Itália (1982) foram campeãs. Destas edições do torneio grandes equipes ficaram marcadas pelo futebol apresentado, mesmo que não tenham conquistado o título. É o caso da seleção holandesa de 1974, conhecida como laranja mecânica, que, comandada por Cruyff, deixava seus adversários perdidos em campo. Esta seleção foi uma das responsáveis pela precoce eliminação do Brasil na competição derrotando-a por 2 a 0. Outra seleção que ficou marcada na historia das copas, apesar de não conquistar o troféu, foi a própria seleção brasileira de 1982. Este time é até hoje lembrado como uma das seleções que jogava o futebol mais bonito. Comandada por estrelas como Zico, Falcão e Sócrates, o Brasil enchia os olhos de todos que a assistiam. Porém esse futebol envolvente não foi capaz de vencer a eficiência da Itália de Paolo Rossi, autor dos três gols na derrota canarinha por 3 a 2, causando a eliminação brasileira.

O jejum finalmente terminou e 1994 nos Estados Unidos quando a dupla Romário-Bebeto se encarregaram de levar a equipe até a decisão (Dos 11 gols marcados durante toda a competição, oito foram da dupla). O título, porém, só viria na disputa por pênaltis. Após o jogo terminar empatado em 0 a 0, as duas seleções foram para as cobranças de penalidades e Roberto Baggio, principal nome italiano, bateu sua cobrança por cima da meta, dando o tetra para o Brasil. Este campeonato foi conquistado com Taffarel, Jorginho, Aldair, Márcio Santos, Branco, Dunga, Mauro Silva, Mazinho, Zinho, Bebeto e Romário em campo. Eram comandados por Carlos Alberto Parreira.

Em 1998, na França, o Brasil chegou mais uma vez até a final da competição. Porém desta vez as lembranças não são tão boas quanto às de 94. Com Zagallo retornando ao comando da equipe e com Taffarel, Cafu, Roberto Carlos, Dunga, Rivaldo, Bebeto e Ronaldo em campo, o Brasil foi avançando de fases até chegar a decisão contra a França de Zinedine Zidane. Entretanto, antes da partida decisiva, um episódio incomum ocorreu dentro do hotel brasileiro. Horas antes da partida, Ronaldo sofreu uma convulsão e foi levado as pressas para o hospital. Mesmo assim o jogador foi escalado por Zagallo alegando que os exames realizados no hospital não tinham constatado nada de anormal e que, portanto, Ronaldo estaria com plenas condições de jogo. Porém não foi isso que foi visto em campo. Ronaldo estava muito longe de desempenhar o seu melhor futebol e causava uma grande preocupação em seus companheiros de equipe. Isto ficou muito claro quando, em um determinado momento da partida, Ronaldo chocou-se violentamente com o goleiro francês Barthez. Após este choque vários jogadores correram desesperadamente até o atacante brasileiro que estava no chão, temendo que algo pior pudesse acontecer ao atleta.

Este episódio envolvendo Ronaldo e a bela atuação de Zidane (autor de dois gols na final) são apontados como fatores determinantes para a derrota do Brasil por 3 a 0.

A Copa seguinte, de 2002, teve uma característica inédita: Pela primeira vez dois países (Coréia do Sul e Japão) seriam sedes da competição. E foi do Japão que o Brasil trouxe o Penta. A campanha foi perfeita: 2 a 1 na Turquia, 4 a 0 na China e 5 a 2 na Costa Rica pela primeira fase. 2 a 0 na Bélgica pelas oitavas, 2 a 1 na Inglaterra pelas quartas e 1 a 0 contra a Turquia nas semifinais. Por fim, bela atuação da dupla de ataque Rivaldo e Ronaldo e vitória em cima da Alemanha por 2 a 0 na final. O time titular para esta última partida era: Marcos, Lúcio, Roque Júnior, Edmilson, Cafu, Gilberto Silva, Kleberson, Ronaldinho Gaúcho, Roberto Carlos, Rivaldo e Ronaldo. O comando ficou por conta do técnico gaúcho Luiz Felipe Scolari.

Na última edição da Copa do Mundo de 2006, o Brasil continuou com a sina de alternar seleções vitoriosas com grandes decepções. A seleção canarinho era vista como grande favorita ao título por possuir o chamado “quadrado mágico” formado por Ronaldo, Adriano, Ronaldinho Gaúcho e Kaká. Mas o que se viu em campo não possuía nada de mágico. É verdade que a equipe passou com relativa facilidade pela fase de grupos e por Gana nas oitavas de final. Porém, sua fragilidade ficou evidente ao perder para a França na fase seguinte em uma atuação muito fraca. O jogo decisivo ficou por conta da Itália e França e o que se viu foi uma final digna do tamanho das duas seleções. No tempo normal, 1 a 1. Na prorrogação, empate permanece e Zidane é expulso após perder o controle a desferir uma cabeçada em Materazzi da Itália. Nos pênaltis, a azurra conquista o quarto título de sua história.

E é com essa história que chegamos a mais uma edição da Copa do Mundo, desta vez África do Sul, a primeira disputada no continente africano. Quem escreverá seu nome na história? O Brasil será capaz de conquistar o hexacampeonato? Ou a Itália conquistará o quinto título, igualando-se ao Brasil? A Espanha poderá comprovar seu favoritismo apontado por muitos? A Argentina, comandada por Lionel Messi, será capaz de sair vitoriosa apesar de todas as dificuldades apresentadas durante a fase eliminatória?

Na terra de Nelson Mandela, herói na luta contra a discriminação racial, todas as nações e etnias voltam a se unir em torno de sua principal arma: a bola.