Oscar Schmidt, 55 anos, sempre foi do tipo emotivo, com os sentimentos à flor da pele e sem vergonha de demonstrar o que sentia através das lágrimas – seja de felicidade ou de tristeza.
Mas, após 29 anos de carreira e de um currículo extenso, que inclui uma medalha de bronze no mundial de 1978, nas Filipinas, e um bronze e um ouro em Jogos Pan Americanos (1979 em Porto Rico e 1987 nos Estados Unidos, respectivamente), além de possuir o recorde de maior cestinha do basquete mundial, com quase 50 mil pontos anotados, o ex-jogador foi a público por meio da imprensa para falar de sua nova batalha contra um antigo rival. O câncer.
Sem as costumeiras lágrimas e com um discurso confiante e seguro, o Mão Santa abriu as portas de sua casa e de sua intimidade para, ao invés de permanecer recluso alegando privacidade, servir de inspiração e incentivar a importância de se abordar o assunto.
Aos veículos de imprensa, contou como está sua recuperação depois de ser levado pela segunda vez a uma sala cirúrgica com o intuito de remover um tumor maligno que se desenvolveu em seu cérebro. Há dois anos, o mesmo procedimento já havia sido feito, porém, o tumor que antes era de grau dois em uma escala de gravidade que vai até quatro, desenvolveu-se para o terceiro grau.
O que pesa em favor do craque é que, segundo neurologistas, a remoção da região onde a mazela surgiu (parte frontal esquerda do cérebro) não causa sequelas representativas, apenas pequenos distúrbios de comportamento. O próprio Oscar, com bom humor, contou que desde o início do tratamento percebeu ter perdido o gosto por refrigerantes.
O trajeto para Schmidt – que na opinião deste cronista está apenas atrás de Wlamir Marques e Amaury Pasos na relação dos maiores nomes da história do basquete brasileiro – consiste em sessões de radioterapia até julho, seguidas de sessões de quimioterapia, estas sem previsão para encerrar.
Apesar disso, o exemplo de superação em quadra que Oscar usa como motivação em seu novo desafio, já esta na ponta da língua: a histórica conquista do Pan de Indianápolis, em 1987, quando liderou o Brasil na vitória diante dos Estados Unidos, donos da festa. A vitória verde e amarela por 120 x 115 na decisão do certame foi o primeiro revés que os norte-americanos já haviam sofrido jogando em seu país.
Há 26 anos, o Brasil conquistava o título do Pan-Americano de 1987 |
Além disso, o ex-jogador tem outro motivo para continuar confiante, já que em setembro deste ano ingressará no Hall da fama do basquete mundial.
Portanto, o cara que durante décadas foi sinônimo de longevidade esportiva, garra e busca constante pela perfeição, serve atualmente de modelo para outra causa nobre. Hoje, Oscar Schmidt mostra como fazer uma cesta de três diante da marcação implacável do câncer, e com muito otimismo deixa seu recado: “esse tumorzinho pegou o cara errado!”.
Foto: Joel Silva/Folhapress e Arquivo/ CBB
Nenhum comentário:
Postar um comentário